Terça-feira, 3 Dezembro 2024
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Reitor apreensivo com a mudança de Governo

Na primeira declaração pública do reitor da Universidade de Aveiro sobre o novo Governo, Manuel Assunção disse esta terça-feira que está apreensivo quanto à mudança e apresenta os principais problemas, como a falta de dinheiro para a renovação de professores, para a manutenção dos edifícios do campus, qualidade do ensino e investigação e os «excessos reformistas».

Parte do discurso do reitor foi dirigido a estas questões. «Vejo sempre com alguma apreensão a entrada de governos de alternância no que respeita a eventuais excessos reformistas em nome de que tudo para trás foi mal feito. Espero que haja o sentido de equilíbrio e o privilegiar de alterações incrementais. Mudar constantemente as regras do jogo penaliza muitíssimo as instituições, já muito massacradas em custos de contexto similares».

Manuel Assunção abre uma excepção. «É verdade que há situações que necessitam de uma transformação profunda: A prática da FCT de desrespeito pelas universidades, que acolhem e pagam os salários da esmagadora maioria dos investigadores da rede, é uma dessas coisas a alterar radicalmente».

O reitor aponta para «problemas quando se pensa no estado da nação Ensino Superior». Conforme disse, «as universidades portuguesas continuam a demonstrar bons índices de realização no contexto mundial. Mas quanto disso não se deve à própria inércia do sistema que garante, retardados no tempo, bons efeitos mas pode também esconder enganosos perigos? Se não se realimentar, constante e corretamente, a nossa capacidade institucional pode-se quebrar o élan competitivo; o qual fazendo das fraquezas forças nos vai permitindo continuar a parecer aquilo que um dia, de repente, – e oxalá não aconteça – se venha a verificar que já não somos. É um risco que o país não pode correr! A vontade de qualificar o ensino superior a que se alude no programa anunciado para este novo ciclo político, é assim fulcral».

Manuel Assunção refere-se ainda à redução do orçamento. Menos dinheiro, conjugado com as «restrições no uso da massa salarial, leva a que a renovação, sobretudo de professores, não possa acontecer: a média de idades na UA vem crescendo no mesmo ritmo do aumento da própria idade da instituição! É dramático no que isto contraria o espírito de abertura que deve ser a essência da própria universidade; e no que tolhe o efeito de escola: como passar aos mais novos o conhecimento e a sabedoria acumulada? Espero assim que as intenções do novo Governo, nesta matéria, venham a ter uma tradução prática, tendente à correção desta infeliz trajetória».

Os edifícios são outra grande preocupação do Reitor: «A exiguidade do apoio do Estado leva a que quem mais sofra sejam os edifícios: pudera, são os únicos que não se queixam imediatamente! Foi na insuficiente reabilitação das construções que se tornou possível absorver uma parte significativa dos cortes brutais a que o ensino superior foi sujeito. Mas a sub-manutenção do edificado representa uma bomba-relógio: aqui e ali as construções vão dando sinais, fortes».

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