O secretário de Estado das Obras Públicas confirmou que o troço entre Estarreja e Angeja da A29 vai ser construído a nascente mas esta solução poderá criar «conflitos» entre o Estado e alguns proprietários, avisa José Eduardo Matos, presidente da Câmara, noticia o Diário de Aveiro.
«O troço entre Estarreja e Angeja da A29 vai ser construído a nascente, ao contrário do que é defendido pelas câmaras municipais de Estarreja, Murtosa e Albergaria-a-Velha.
O actual secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, confirmou ontem ao jornal Público que a opção da tutela passa pela construção daquele troço de acordo com um projecto que, há quatro anos, foi rejeitado pelo Governo liderado por Durão Barroso.
A obra deverá começar ainda em 2006, com uma duração prevista de um ano.
O social-democrata José Eduardo Matos, líder da autarquia estarrejense, continua a opor-se a este traçado. «Não é a melhor solução encostar-se uma auto-estrada ao lado de outra já existente», disse ontem ao Diário de Aveiro.
A Câmara de Estarreja apresentou, ao longo dos anos, trajectos alternativos aos vários governos, mas foram rejeitados pelo actual executivo socialista.
Embora admita que a autarquia é «a primeira interessada» na resolução de um processo que, entre avanços e recuos, se arrasta há vários anos, José Eduardo Matos afirma que a proposta do Governo «não é boa para o concelho». «Mas o Governo está muito empenhado em assumir esta solução a nascente», reconhece.
A construção da A29 a nascente poderá criar «conflitos» entre o Estado e alguns proprietários locais, que poderão partir para processos em tribunal com a finalidade de pedir o pagamento de indemnizações.
«Esta solução vai provocar reacções negativas», adverte o autarca eleito pela coligação PSD/CDS-PP, estimando que «algumas dezenas» de proprietários se sintam lesados pelo avanço do projecto.
«Há zonas urbanas atravessadas por este trajecto e há quem vá ter uma auto-estrada a passar-lhes por cima», vincou.
A Comissão Dinamizadora para os Traçados do IC1, um movimento cívico criado no âmbito desta discussão, manifestou ontem, pela voz do seu presidente, «perplexidade» pela decisão anunciada pelo secretário de Estado e disse que a associação poderá voltar a «mobilizar as populações». «Esta solução não nos agrada», salientou Lacerda Ferreira ao Diário de Aveiro.
Apesar da oposição das autarquias, a medida vai ao encontro das pretensões das associações ecologistas. A Quercus sempre defendeu que a opção pelo traçado a poente da Linha do Norte é «demasiado gravosa» em termos económicos, ambientais e sociais.
A construção daquele troço de 12 quilómetros foi suspenso em Novembro de 2002 por decisão do Governo de Durão Barroso, mas um despacho conjunto do actual executivo deverá ser publicado em breve para prosseguir a obra, que chegou a estar no terreno no final do segundo mandato de António Guterres. A abreviação de alguns procedimentos e a prorrogação do prazo de validade da declaração de impacte ambiental, emitida em Agosto de 2001, vão agilizar todo o processo. (Diário de Aveiro)