O início da comercialização de ovos moles certificados ainda deverá demorar alguns meses, já que os produtores ainda terão de ser auditados pelo organismo de controlo e certificação de produtos, noticia o Diário de Aveiro.
«Esta tarefa cabe ao laboratório Sagilab, sediado no Porto, que, após a fase de avaliação de conformidade, atribui a cada entidade um documento formal de certificação.
A certificação dos ovos moles foi obtida recentemente através da atribuição da Indicação Geográfica Protegida (IGP), pelo que o produto passará a ser vendido apenas em estabelecimentos autorizados ou pertencentes aos produtores.
Numa primeira fase, o produto certificado será comercializado apenas nos concelhos de Ovar, Murtosa, Estarreja, Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga, Aveiro, Ílhavo, Águeda, Vagos e Mira. Mais tarde, os ovos moles poderão ser vendidos em estabelecimentos de outros pontos do país que revelem interesse na comercialização. A venda ambulante passa a ser proibida.
Cada local de venda terá de estar identificado com uma placa englobando a imagem de marca dos ovos moles certificados, o símbolo da Associação de Produtores de Ovos Moles de Aveiro (APOMA) e o número de associado ou de autorização.
A comercialização do produto certificado poderá ser feita em barricas de madeira ou de porcelana, em caixas ou embalagens individuais. Em cada recipiente terá obrigatoriamente de ser colocado um rótulo que, entre outras informações, inclui uma etiqueta autocolante com um holograma estampado e número de série alfanumérico. O objectivo, salientou José Francisco Silva, presidente da APOMA, é evitar a venda de ovos moles «adulterados».
A qualidade do doce conventual será ainda atestada pela fiscalização da Sagilab, que poderá aplicar sanções aos comerciantes que cometam infracções na produção dos ovos moles, e por um painel de provadores que será criado pela Universidade de Aveiro (UA).
A certificação do produto foi conseguida após um processo já com vários anos. «Esta experiência demonstra que toda a gente fica a ganhar sempre que os agentes económicos se unem aos pólos tecnológicos», disse José Francisco Silva, aludindo à parceria da APOMA com a UA destinada à obtenção da IGP.
No início do processo, vários produtores «não acreditaram» que seria possível alcançar a certificação do doce típico de Aveiro, mas actualmente a APOMA já representa perto de 90 por cento dos fabricantes, havendo mais alguns em lista de espera. Segundo o dirigente da associação, está já em curso o processo de certificação no espaço comunitário.
Em 2003 foram produzidas 345 toneladas de ovos moles e consumidas 13 milhões de unidades. O sector, que emprega cerca de 350 pessoas, representa um volume de negócios de cinco milhões de euros por anuais» (Diário de Aveiro)