Os partidos políticos em Aveiro, como em qualquer sítio, não são forças com um só sentido, na expressão das suas ideias e acções.
Têm facções internas como outras organizações que, nos partidos, pela visibilidade pública que têm, se tornam objecto de polémica e discussão.
Em Aveiro também é assim que sucede e o caso da construção da pista olímpica de remo, em Cacia, ou a mudança da nova Câmara mostrou isso mesmo.
A notícia do Expresso, embora sem declarações do Secretário do Estado do Desporto que, no essencial, dava conta da indisponibilidade do Governo em comparticipar no financiamento da construção da pista, trouxe ao de cima algumas diferenças. A reacção do candidato à concelhia do PS/Aveiro, Marques Pereira, foi violenta. Contra o presidente da Câmara Élio Maia, no fundo, criticando a inabilidade do autarca da maioria PSD-CDS/PP para o tratamento do caso. A reacção do actual presidente da concelhia, José Costa, foi diferente, criticando o Secretário de Estado, portanto, contra o próprio partido, por não cumprir o compromisso assumido pelo anterior Governo, social-democrata.
Outro caso deu-se com a mudança de poder na Câmara de Aveiro. O socialista Alberto Souto, perdeu a Câmara de Aveiro e Marques Pereira, actual vereador na oposição, defende o anterior presidente, quando é preciso. Por outro lado, quando é preciso Raul Martins, adversário de Marques Pereira nas eleições para a concelhia, mostra que não foi/não é um apoiante de Alberto Souto. Defendê-lo-á por uma questão de partido.
Na coligação PSD-CDS/PP que governa a Câmara de Aveiro não se mostram divergências e as que há andam desaparecidas por uma questão de oportunismo político, ou seja, para segurar o poder, como fez Raul Martins quando o PS tinha a poder da Câmara, ou para não estalar o verniz.
Mas às vezes estala. As diferenças de opinião notam-se, sobretudo nas cúpulas, concretamente, entre Ulisses Pereira, líder da concelhia de Aveiro do PSD e Ribau Esteves, presidente da distrital do mesmo partido.
No PS também assim foi. Bastou Alberto Souto perder a Câmara para se ver, com José Mota, como se zangam as comadres.
O PSD sempre foi um partido, pelo menos em Aveiro, de exteriorizar as polémicas internas. Assim foi no anterior mandato. Sem sintonia entre os vereadores da Câmara e a concelhia, levou à passagem de Domingos Cerqueira ao estatuto de independente que passou a andar de braço dado com o presidente Alberto Souto.
Na CDU não há polémicas ou se as há não deixam que transpareça. E não é por ser um pequeno partido que não há polémica. No Bloco de Esquerda, houve logo no início do mandato autárquico, através da cabeça de lista à Assembleia, trocada por Arsélio Martins logo à segunda reunião do órgão autárquico.
João Peixinho