O ACTO Instituto de Arte Dramática não prevê o dia e as condições de reactivação das actividades depois das férias de Natal, a partir de 20 de Dezembro.
Segundo um comunicado, “os dez colaboradores a tempo inteiro desta organização artística e cultural foram já pré-notificados do seu despedimento eminente, tendo alguns sido já dispensados”.
Em termos práticos, o ACTO não tem forma de obter receitas “para fazer face às despesas de funcionamento para o próximo mês”, depois da falta de notícias da parte do Ministério da Cultura quanto ao financiamento para 2005″. O ACTO chama a atenção que “os resultados do concurso para apoio sustentado deviam já ter sido anunciados durante o mês de Novembro”.
Da Câmara de Estarreja é credor de uma verba de 14.950 euros, que será “satisfeita até ao final do mês, suficiente para cobrir as despesas até ao final do ano e para pagar a renda da sede e a conta de correio electrónico para Janeiro de 2005”.
O ACTO está ainda esperando quanto ao apoio da autarquia para 2005. Foi prometido pelo vereador José Cláudio Vital “que no início de Janeiro, no quadro do programa de apoio aos agentes culturais de Estarreja, seria adiantada uma verba para fazer face a dificuldades de tesouraria mais prementes”.
Contudo, os apoios da parte da Câmara têm diminuído. Oito mil contos em 2001, zero em 2002, 10 mil euros em 2003 e 20.000 em 2004.
Do Ministério da Cultura recebeu um apoio de 11.600 contos em 2002 e 8.900 contos em 2003 e 2004 enquanto que “as principais fontes de financiamento foram os fundos comunitários (programa Cultura 2000) e as receitas resultantes de co-produções internacionais”.
Prevê ainda que “para os próximos anos as receitas provenientes do estrangeiro serão drasticamente reduzidas: o simples facto de ser uma estrutura portuguesa faz do ACTO um parceiro pouco interessante para os seus pares europeus que, mesmo interessados nas nossas propostas artísticas, estão ao corrente de que em Portugal os financiamentos públicos são escassos e sempre em atraso”.
Contudo, o ACTO acha que está na mira de alguém que, contudo, não identifica. “A direcção do ACTO julga que a sua posição interventiva face às questões da gestão pública da Cultura bem como por ousar abordar artisticamente temas cuja pertinência social e pública contêm conotações políticas (as temáticas do Festival de Estarreja têm-se centrado em questões como a cidadania, a multiculturalidade, a globalização ou as vivências urbanas europeias, p. ex.) fazem do ACTO um elemento incómodo e a silenciar”.