A entrevista de Ulisses Pereira, presidente do Conselho de Administração da empresa municipal Parque Desportivo de Aveiro (PDA), publicada ontem no Diário de Aveiro, dá a «sensação» ao líder do PS/Aveiro, Raul Martins, que a Câmara «vai pretender privatizar as empresas municipais e, particularmente, a PDA», o que provoca ao socialista uma reacção contra a operação e de crítica ao presidente do Conselho de Administração da empresa, cuja maioria do capital (51 por cento) é detida pela autarquia e os restantes 49 por cento, pela Visabeira, noticia o Diário de Aveiro.
«Pela leitura da entrevista, Raul Martins ficou também com a sensação que «o Dr. Ulisses Pereira, que é o líder local do PSD, tem uma influência determinante nas políticas desta Câmara porque nalgumas declarações até parece o presidente da Câmara a falar», disse ontem ao Diário de Aveiro.
Comentando a entrevista, Raul Martins afirmou ao Diário de Aveiro que «não parece ser muito ético ao Dr. Ulisses Pereira, sendo presidente da PDA e trabalhando para a Visabeira, tecer considerações».
Da forma como o assunto é colocado por Ulisses Pereira, o socialista considera que está perante uma «privatização anárquica sem acautelar os interesses da Câmara», por isso diz que «não contem com o PS».
A privatização da PDA é um mau negócio para a Câmara, segundo o economista Raul Martins. «O PS nunca concordará que a Câmara, a troco de um prato de lentilhas, abandone a posição em empresas estratégicas e de futuro como é a PDA», afirma. Ou seja, a autarquia tem «muito a lucrar se segurar a PDA porque no futuro vai valer muito».
Enquanto isso, Raul Martins diz que «deverão acautelar-se até à última instância os interesses financeiros da Câmara e não fazer as privatizações de ânimo leve como a leitura da entrevista deixa antever». Esclarece ainda que o PS não é contra as privatizações mas as que se fizerem «não podem ser feitas em sectores estratégicos».
Entre as frases que Raul Martins destaca da entrevista de Ulisses Pereira ao Diário de Aveiro, que o levam a crer na existência de uma intenção de privatizar a PDA, o presidente da PDA defende que «(…) à medida que os equipamentos que queremos ver instalados no local estejam efectivamente construídos, essa posição (da Câmara de Aveiro) deve ir reduzindo. Em termos finais, quando o projecto estiver concluído, se calhar nem vale a pena ter nada».
Sobre a opção de privatizar, Ulisses Pereira diz: «(…) em princípio sou claramente favorável a um envolvimento maior de privados na gestão de um conjunto de equipamentos e serviços fornecidos aos munícipes (…) Não me repugna nada, pelo contrário, que haja um envolvimento progressivo maior de privados, criando também expectativas para a Câmara fazer algumas receitas. Mas não tenho nenhuma orientação até ao momento nesse sentido».
Sobre o financiamento do Parque Desportivo, Ulisses Pereira defende que «à medida que os valores forem crescendo do ponto de vista das necessidades – e estamos a falar de investimentos pesados – naturalmente que fará sentido – e será uma solução consensual – um aumento da participação dos privados. Essa é a lógica natural para que o projecto se realize e não fique a patinar».
O plano aponta para a conclusão dos projectos em 2013. «Até lá, é desejável que haja uma progressiva participação de privados, seja o actual sejam outros», disse ainda Ulisses Pereira.» (Diário de Aveiro) – artigo não acessível on line