O socialista Raul Martins, da bancada do PS na Assembleia Municipal de Aveiro apelou, na noite desta segunda-feira, à «mobilização dos aveirenses para impor a sua vontade» contra a decição da REFER de manter a passagem da ligação ferroviária em viaduto de Esgueira ao Porto de Aveiro, em viaduto na zona das marinhas de sal e recusando uma proposta ao nível da A-25.
O socialista, presidente do PS/Aveiro, disse aos jornalistas, à margem dos trabalhos da Assembleia, que ficou «chocado» com o teor da carta lida pela presidente da Mesa da Assembleia, enviada àquele órgão autárquico pelo presidente do Conselho de Administração da REFER, Luís Filipe Pardal.
Raul Martins disse que «os aveirenses, que ainda não sabem o que se vai passar, devem ficar muito magoados com a REFER».
Da bancada do PS, Carlos Candal propôs um encontro da Comissão Permanente da Assembleia, que reunirá esta sexta-feira.
Em finais de Maio último, a Assembleia aprovou o envio de uma carta, proposto por Raul Martins, no sentido da alteração do projecto da ferrovia, passando a ser ao nível de solo e abandonando o viaduto a 1,5m da cota da A-25 Raul Martins tinha do seu lado a concordância da Administração do Porto de Aveiro.
O socialista dizia que o viaduto sobre as marinhas «ainda é possível evitar» e o viaduto prococará um «importante impacto que limita a visão» aos que entram em Aveiro.
A alteração desejada seria feita «salvaguardando as condições de segurança» da tubagem da SIMRIA e permitirá ainda diminuir o custo e o tempo de construção em cerca de nove meses».
Raul Martins propunha ainda a construção naquela zona da «primeira estação do futuro metro de superfície», proposta também recusada pela REFER.
Com a recusa da REFER, o viaduto tem como consequência directa «tapar a visbilidade das marinhas, era um cartão de visita que deixa de ser visto, roubando um pouco da identidade».
Mas, para a REFER, «qualquer hipótese de alteração do projecto para além das implicações em termos de cumprimento de prazos e licenciamentos já decorridos, uma vez que implicaria novo procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental, bem como, todo os licencimentos ambientais posteriores à emissão de uma nova Declaração de Impacte Ambiental, mostra-se à priori, infrutíferas dado se considerar que a solução aprovada reúne os esforços possíveis, senão esgotados, do melhor enquadramento do traçado ferroviário para a ligação ao porto de Aveiro».
A REFER volta a usar o mesmo argumento que afastou, numa fase anterior, a passagem da ferrovia em aterro, e desviou o projecto para a passagem em viaduto. «A condicionante que motivou o abandono da solução em aterro, previsto entre os encontros da passagem da ponte de Esgueira e o viaduto de acesso à Ponte das Pirâmides, resultou da necessidade de satisfazer o pedido da SIMRIA, que por querer ver reforçada a garantia da integridade da conduta do interceptor geral, motivou que, mantendo a solução em aterro, o ramal tivesse de ser implantada a uma distância de 25 m da referida conduta». Assim, impossibilitou, com essa distância, a solução de aterro dadas as consequências ambientais que provocaria.