Sábado, 12 Outubro 2024
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Presidente e deputado trocam críticas

Uma mas mais polémicas reuniões da Assembleia Municipal de Albergaria-a-Velha de que há memória levou a que, durante duas horas, o presidente da Câmara e um deputado do PP esgrimissem argumentos que chegaram a roçar o insulto pessoal, noticia o Diário de Aveiro.

«Uma acesa discussão entre o presidente da Câmara Municipal, João Agostinho Pereira, e o deputado do CDS/PP, José António Souto, dominou a reunião da Assembleia Municipal de Albergaria-a-Velha da passada sexta-feira e quase chegou ao insulto pessoal.

O elemento da bancada centrista leu um extenso texto no qual criticava duramente o Executivo, classificando de «falta de visão estratégica da Câmara e do seu presidente», considerando que o concelho vive situações graves quanto à taxa de desemprego, insucesso escolar, saúde, aqui com a hipótese do SAP vir a encerrar em breve e ao diferendo entre a autarquia e a direcção dos Bombeiros, acerca da construção do novo quartel. A deputada do mesmo grupo parlamentar, Paula Aleixo, estendeu as críticas à recente venda dos terrenos do Alto de Assilhó ao grupo imobiliário ligado aos hipermercados Intermarché, dando a entender que houve contactos prévios com a Câmara para ali vir a ser instalada uma área comercial.

Estava lançado «rastilho» para uma resposta violenta e contundente de João Agostinho, que depois de enumerar um conjunto alargado de obras realizadas desde 2002, quando o venceu as eleições que lhe deram o primeiro mandato. «O senhor deputado deve andar completamente distraído ou esteve noutro planeta, pois não vê o que toda a gente vê, mas acima de tudo tenha cuidado, pois sou uma pessoa séria e não lhe admito as insinuações que aqui fez à minha pessoa, quanto aos processos da compra da garagem Vidal, da venda dos terrenos de Assilhó ou do possível encerramento do SAP», respondeu João Agostinho Pereira. O autarca revelou que os terrenos de Assilhó foram vendidos a 127 euros o metro quadrado, um preço acima do valor do mercado, e disse também que o processo de negociação teve início em 2002 e, «como se vê, constituiu um óptimo negócio para o concelho». João Agostinho realçou o arranque, precisamente na sexta-feira passada, das obras da nova EB 1,2 de Albergaria-a-Velha e, por isso, garantiu «este é o dia mais feliz da minha vida, pois ando há 25 anos a lutar por esta escola».

A criação de 1.500 novos empregos, que segundo as contas do presidente foram criados no concelho nos últimos três anos, foi o argumento usado para rebater a crítica quanto ao desemprego. Tal como a hipótese de um grande investimento de uma nova empresa na zona industrial que, segundo João Agostinho, criará 350 postos de trabalho. Investimentos no sector da saúde na sede do concelho, na Branca e na Ribeira de Fráguas e as obras no SAP da vila foram também «armas de arremesso» lançadas. No entanto, na contra-resposta, José António Souto não deixou de perguntar a João Agostinho o que significa a afirmação «tenha cuidado». O presidente viria a ripostar, garantindo que apenas quis referir-se às afirmações do elemento da bancada centrista. Carlos Nunes, do grupo parlamentar do Partido Socialista, confessou-se «incomodado com esta reunião, que não está a correr nada bem, pois deve haver respeito entre as pessoas, que estão de cabeça quente e, por isso, recuso-me a entrar neste clima de ofensa pessoais e até deixo para outra reunião as várias questões que tinha previsto levantar nesta».

Miguel Meireles e José António Pinho Laranjeira, ambos do PSD, saíram em defesa da obra de João Agostinho Pereira, mas a noite já estava «virada do avesso», com a dura troca de palavras entre as duas figuras mais interventivas de uma das mais polémicas sessões da história de três décadas do órgão deliberativo concelhio e que no período de antes da ordem de trabalhos gastou quase duas horas e meia.

Ordem de trabalhos com unanimidade

Pela inversa, os pontos constantes da ordem do dia foram esgotados num ápice, pois ninguém interveio acerca da informação escrita do presidente da Câmara sobre a actividade municipal e houve unanimidade na segunda revisão do Plano de Actividades e Orçamento deste ano e também da Plano Intermunicipal da Ria de Aveiro. O vereador do pelouro da Educação, José Licínio Pimenta, fez a apresentação do relatório anual da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Albergaria-a-Velha, que vai ser enviado, entre outras entidades, ao Ministério Público e onde se ficou a saber que há preocupação quanto a questões tão importantes como horários escolares desfasados dos do trabalho das famílias, com várias delas, consideradas carenciadas e de risco, a chegarem ao concelho, sem terem habitação, emprego e outras necessidades básicas, que, segundo o recentemente reeleito presidente da comissão concelhia, transporta um compreensível desenraizamento social. O presidente da Assembleia Municipal, Rogério São Bento Camões foi eleito, com 24 votos a favor e dois brancos, representante do órgão a que preside na Comissão Municipal criada pela Lei 12/2004, de 10 de Março, na qual são analisadas diferentes temáticas relacionadas com a vida comunitária concelhia.» (DIário de Aveiro)

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