A «eventual destruição» do Barreiro de Aveiro, junto ao centro Cultural e de Congressos, «ou mesmo o comprometimento da sua leitura por força de projectos imobiliários, constituiria um acto grave de desprezo pela cultura científica e pelos valores civilizacionais actualmente considerados por instituições como a UNESCO», segundo comunicado da Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro – ADERAV.
O “Barreiro não sabe nadar”, diz a ADERAV, e «precisa da ajuda de todos os cidadãos para que se respeite uma memória geológica de milhões de anos que Aveiro tem o privilégio de ainda possuir».
O comunicado resulta do «conhecimento do avanço de deposição de entulhos na área anteriormente vedada do Barreiro da antiga fábrica Campos, precisamente junto aos serviços da Câmara Municipal de Aveiro». O texto da ADERAV é também um apelo à Câmara «para que não permita a descaracterização do barreiro e promova antes a sua salvaguarda e fruimento pelos aveirenses e visitantes, nomeadamente os estudantes».
«Deve ser preservado e utilizado para fins educativos, de divulgação científica e mesmo turísticos, devidamente contextualizado», diz o texto.
O antigo barreiro da fábrica Jerónimo Pereira de Campos «tem sido reconhecido como um local de importância patrimonial, como memória paleontológica e geológica do período Cretácico, sendo considerado o “único e último” testemunho dessa época na nossa região por personalidades científicas como o Prof. Galopim de Carvalho». São datados fósseis com 70 milhões de anos, de dinossauros, tartarugas, crocodilos e peixes de grande dimensões e sinais de vegetação luxuriante.