A Guarda Costeira norueguesa afirmou hoje que o navio pesqueiro “Joana”, apreendido esta noite na Noruega com 30 portugueses a bordo, navegava ilegalmente, sem bandeira, sem número de registo e com vários documentos de diferentes nacionalidades, noticia a Lusa.
«Ainda de acordo com a Guarda Costeira “quando as autoridades foram a bordo para identificar a nacionalidade da embarcação, encontraram vários documentos que indicam várias nacionalidades”. “Parece que não tem nação”, afirmou a responsável pelo gabinete de imprensa da entidade.
Segundo o agente do navio “Joana”, a embarcação com bandeira de São Tomé e Príncipe, estava ontem a pescar bacalhau a 50 milhas das águas territoriais da Noruega quando foi abordada por dois helicópteros e dois navios de guerra noruegueses. Mais tarde, militares desceram dos helicópteros por cordas suspensas até ao navio, que ficou retido e mais tarde rebocado para o porto norueguês de Vadso. A bordo encontram-se 33 tripulantes, sendo um espanhol (capitão), dois romenos e os restantes portugueses.
De acordo com a Guarda Costeira norueguesa, o facto de o navio estar a navegar sem bandeira e de não ter número de registo foi o que despoletou a acção das autoridades de Oslo.
O representante do navio “Joana” em Portugal, Silva Vieira, sustentou que “não é ilegal navegar em águas internacionais sem bandeira” e garantiu que o navio tem toda a documentação “em ordem”. “Somos dos maiores armadores portugueses e temos a maior frota nacional. Andamos nisto há 40 anos. Não brincamos com este tipo de coisas”, sublinhou.
Silva Vieira disse ainda que as autoridades norueguesas encontraram documentos de várias nacionalidades porque o navio tinha nacionalidade lituana, antes de ter sido vendido a uma empresa de São Tomé e Príncipe, que agora está em fase adiantada de negociações para o vender à Guiné-Conacri, onde vai receber o nome de “Kabu”. “É normal acumular esses documentos a bordo”, acrescentou.
O responsável disse ainda que este “assalto” ao navio tem por objectivo “amedrontar” o armador porque a Noruega e a Rússia “pescam cerca de 500 mil toneladas de bacalhau anualmente naquela zona e querem aquele ‘quintal’ só para eles”.
Contudo, garantiu que quando este problema estiver resolvido o navio “volta para o mesmo sítio e para a mesma actividade porque são águas internacionais e nada os impede de o fazer”. Silva Vieira disse que continua sem receber notícias ou falar com a tripulação.
O navio “Joana” tem bandeira de São Tomé e Príncipe e pertence à empresa África Pescas, propriedade da Fundação Rei Andresa.
Fonte do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas disse que as autoridades portuguesas já têm conhecimento do caso e que já entraram em contacto com o agente Silva Vieira. (LUSA)