Sexta-feira, 4 Outubro 2024
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“Máquinas vivas” da UA criam novos alimentos e usam células como peças de Lego

Pedro Lavrador, Beatriz Moura, José Almeida Pinto, Vítor Gaspar e João Mano assinam um estudo que permite uma «produção rápida e personalizada de estruturas semelhantes a tecidos, pode revolucionar a medicina regenerativa. É uma descoberta que representa «um avanço significativo na bioengenharia de tecidos vivos em laboratório, onde será possível reparar tecidos humanos danificados, através de terapias celulares personalizadas». Comparam a «usar células, como se fossem blocos de Lego, para criar estruturas vivas como tecidos humanos, a três dimensões».

Voltando às peças Lego, estas células são «‘programadas’ para se comportarem como blocos de construção e podem ser manipuladas e combinadas como se fossem peças de Lego vivas, criando assim tecidos adaptáveis a diferentes finalidades médicas». Por exemplo, a reparação de órgãos danificados e «‘máquinas vivas’ para aplicações industriais ou ambientais e desenvolvimento de novos alimentos».

Os materiais desenvolvidos movem-se por si próprios, recuperam massa perdida e adaptam-se a diferentes contextos de forma instintiva. Os cinco desenvolveram «uma forma de modificar a superfície das células para que se liguem como um sistema ‘chave-fechadura’, permitindo a criação rápida de materiais celulares vivos e com propriedades semelhantes às dos tecidos humanos», segundo os investigadores da Universidade de Aveiro (UA).

Conseguiram chegar a uma tecnologia inovadora «particularmente promissora» – sob a qual foi efetuada um pedido de patente pela UA, para «criar uma nova classe de materiais vivos implantáveis que podem transformar a forma como órgãos e tecidos são reparados ou mesmo substituídos». Vivos porque conseguem «interpretar o seu ambiente e interagir ativamente com outros tecidos. Estes materiais têm a capacidade de «se auto-reparar e de se reforçar mecanicamente ao longo do tempo, evoluindo de maneira semelhante à pele ou aos ossos», afirma a equipa.

A equipa de investigadores do Grupo de Investigação COMPASS, do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro, liderada por João Mano, modifica células humanas «para se unirem, formando estruturas tridimensionais complexas designadas de “géis celulares”, independentemente do tipo de célula utilizado». Esta modificação das células foi uma necessidade dado que «a criação de tecidos em laboratório costuma ser um processo lento, e depende das interações naturais entre as células para formar uma matriz de suporte».

INFO UA «O conceito totalmente disruptivo, explorado pela equipa de investigação da UA, envolve a utilização desses sistemas vivos para fabricar dispositivos com propriedades totalmente novas, e capacidade de substituir os materiais convencionais em algumas aplicações mais exigentes».

«A ‘biologização’ da ciência dos materiais, assume que a biologia possui propriedades intrínsecas que estão longe de serem alcançadas pelos materiais sintéticos feitos pelo homem, e pretende abrir caminho ao desenvolvimento de uma nova geração de materiais – os materiais ‘vivos’, com funcionalidades exóticas».

«As células adaptam-se a múltiplas condições ambientais, produzem proteínas para comunicar e interagir entre si e dão origem, por exemplo, a órgãos ou a organismos complexos. No plano vivo, as células podem multiplicar-se, maturar, evoluir com o tempo e, mesmo, exibir um desempenho que pode ser programado ao nível dos genes».

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