Mais de 60% dos estudantes do 12º ano recorrem ao mercado das explicações, tendo 10 ou mais horas de estudo por semana.
Para as famílias, trata-se de um apoio pedagógico que representa um esforço económico entre os 200 e os 250 euros mensais, noticia o JN.
«Investigadores da Universidade de Aveiro estão a desenvolver um estudo inédito sobre o negócio muito rentável das explicações em Portugal. O princípio da equidade no acesso à educação é um dos valores que o estudo põe em causa.
Qual a dimensão do «negócio» das explicações em Portugal? Qual a sua ligação com a eficácia do trabalho desenvolvido pelas escolas e representado nos rankings? Qual o nível de equidade dos alunos e respectivas famílias no acesso à educação?
Foram estas e outras questões que suscitaram a curiosidade de uma equipa de investigadores do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Aveiro há quatro anos atrás. Em busca de respostas sobre um tema nunca investigado, lançaram-se a uma pesquisa cujo tema versa «As Explicações no 12º ano-Contributos para o Conhecimento de uma Actividade na Sombra».
«Tínhamos curiosidade em saber até que ponto os resultados académicos dos alunos nos exames decorriam da acção dos professores nas escolas ou eram fruto da acção dos explicadores», disse ao jornal Alexandre Ventura, um dos investigadores.
Para tanto, o trabalho limitou-se a conhecer a realidade da cidade de Aveiro, onde o número limitado de centros de explicações existentes há uma década evoluíram, nos dias de hoje, para algumas dezenas, tal tem sido a procura. Os investigadores organizaram um inquérito por questionário, que tem sido respondido por todos os alunos do 12º ano das quatro escolas secundárias locais.
Embora a investigação ainda não esteja concluída, alguns dados estão já apurados. «Sabemos que 62% dos alunos recorrem a explicações e têm cerca de 10 horas semanais de aulas particulares, o que obriga as famílias a desembolsarem entre 200 a 250 euros por mês», revelou Alexandre Ventura. (JN)