«A “noite” em Aveiro vai ser mais longa. Em princípio, a partir do próximo fim de semana. Os bares da zona da beira-mar, que até agora podem estar abertos até às duas horas da madrugada, vão prolongar o funcionamento até às três horas, durante a semana, e quatro horas, aos fins-de-semana e vésperas de feriados.
Uma decisão tomada por unanimidade, na última reunião da Câmara, segundo o vereador Jorge Greno (Coligação Juntos por Aveiro), com o vereador Marques Pereira (PS) a justificar que o voto a favor dos socialistas foi dependente da audição da Junta de Freguesia, Polícia e Bombeiros, que noutras alturas se mostraram contra qualquer alargamento.
Jorge Greno justificou ao JN a proposta com “motivos de índole turística”. “Sentimos que Aveiro estava a deixar de ser um destino turístico e que estava a sofrer a concorrência dos concelhos vizinhos. É uma experiência. No final faremos uma avaliação”, disse, acentuando que a entrada em vigor dos novos horários será, em principio, já no próximo fim de semana. “Depende da publicação dos editais”, frisou.
Quem não está pelos ajustes e “experiências” são os moradores da zona da beira-mar. Maria Júlia Galhardo, a morar há 56 anos no Rossio, não tem dúvidas. “Não concordo e temos que ir à Câmara para lhes fazer ver que qualquer dia a gente endoidece com o barulho que se faz de noite”, disse ao JN.
Também Maria Adelaide, moradora há mais de 35 anos, numa das travessas que faz a ligação do largo do Rossio à Praça do Peixe, não deixou de fazer sentir a sua revolta.
“É claro que não concordo, já não basta que às duas da manhã eles fechem e depois venham todos para a rua fazer barulho, quanto mais com mais tempo abertos”, desabafou. “Eu adormeço quando eles nos deixam ou quando eles querem”, disse.
Uma outra moradora, que preferiu o anonimato, a viver há 22 anos na Praça do Peixe, também não tem dúvidas. “Até às duas horas já é demais. Ouvem-se os barulhos todos, até dos cachimbos para tirar as bicas”, assegura.
O presidente da Junta de Freguesia da Vera-Cruz mostrou-se surpreendido com a decisão da Câmara. O autarca lembrou que foi prometido pelo presidente da Câmara e pelo vereador que nada seria alterado sem ouvir a Junta, os moradores, a PSP e os gerentes dos bares, para numa reunião conjunta estudar-se um horário de consenso. “Nada disto foi feito e de certeza que só foram ouvidos os gerentes”, disse.
“Deixar de ser destino?! Devia-se, numa atitude de competência, ouvir a Região de Turismo que tem as estatísticas de quem nos visita”, lembrou.» (JN)