Um engenheiro arguido no processo-cri me de Entre-os-Rios garantiu hoje em tribunal que a vistoria realizada à ponte e m 1998 por um seu subordinado ficou “bem feita”, tendo em conta que visava apena s a “segurança funcional” da estrutura, noticia a Lusa.
«Baptista dos Santos disse que a vistoria de Julho daquele ano foi pedid a apenas para avaliar o estado do tabuleiro, faixa de rodagem, passeios e guarda -corpos, tudo elementos ligados à “segurança funcional”.
Excluídos ficaram pilares e fundações (“segurança estrutural”) da ponte que viria a cair três anos depois por ruptura do pilar P4, provocando 59 mortes , precisou.
Nesta altura do seu depoimento, o arguido deixou por clarificar uma dúv ida da juíza-presidente do colectivo de Castelo de Paiva, Teresa Silva, sobre se a segurança funcional e estrutural não estariam interligadas.
Mais tarde, o arguido referiu que uma anomalia na base do pilar, “por m ais pequena que fosse, reflectir-se-ia no tabuleiro”.
Baptista dos Santos chefiou a Divisão de Conservação de Pontes da ex-Ju nta Autónoma de Estradas (JAE) entre 1993 e 1999.
O Ministério Público (MP) acusa-o de subscrever um parecer do seu subor dinado Rosa Ferreira que, após a vistoria de 1998, propôs o estudo da beneficiaç ão e alargamento da ponte de Entre-os-Rios sem avaliar a segurança das fundações .
Em resposta a uma pergunta do procurador Monteiro Penas, Baptista dos S antos recusou a acusação que lhe é imputada de “violação das regras técnicas a o bservar no planeamento de modificação de construção”. “Como posso ser acusado disso quando não planeei nada?”, questionou o a rguido, acrescentando que “não gostava de ser acusado de uma realidade virtual”.
O julgamento dos seis técnicos alegadamente responsáveis pela queda da ponte (quatro engenheiros do Serviço de Pontes da ex-JAE e dois da empresa proje ctista Eteclda) decorre desde 19 de Abril no Salão Nobre da Associação Humanitár ia dos Bombeiros Voluntários de Castelo de Paiva e prossegue pelo menos até 25 d e Agosto.
Na próxima audiência, marcada para segunda-feira, Baptista dos Santos c onclui o seu depoimento e falará o engenheiro-fiscal de pontes Manuel Rosa Ferre ira, último arguido que manifestou intenção de prestar depoimento.
O único acusado de dois crimes de violação das regras técnicas, Carlos Guerreiro (da Etecelda), disse na primeira audiência que pretendia manter-se em silêncio.»