O presidente da Junta de Freguesia de Angeja diz não entender a posição da Câmara de Aveiro no que respeita aos 245 hectares de território do município aveirense que, por decisão do Instituto Geográfico Português (IGP), irão passar para a administração da Câmara de Albergaria-a-Velha, noticia o JN.
«António Almeida assegura que o anterior executivo “nunca se mostrou muito preocupado com esta situação”, embora reconheça que “a actual câmara tem tentado resolver as coisas”. O processo já se arrasta desde 2002, mas só agora foi conhecida a decisão do IGP.
Trata-se apenas de terrenos agrícolas, não havendo por isso qualquer alteração no que toca a serviços e administrações fiscais. “Não há qualquer habitação nesta zona, por isso irá ficar tudo na mesma. A única mudança, e que se calhar incomoda muita gente, é que os subsídios que eram atribuídos a esses terrenos vão agora passar para a junta de Angeja”, sublinha António Almeida.
O presidente da junta de Angeja realça que não se trata apenas de “ficar com os terrenos”. “O seu a seu dono. É só isso que pretendemos”, acrescenta. “A junta sempre se preocupou e gastou muito dinheiro na limpeza e recuperação de caminhos que agora Cacia e Esgueira dizem ser deles. Agora dizem que estão a ser usurpados, quando nunca se preocuparam com isso”, afirma António Almeida.
A decisão do IGP veio ao encontro das expectativas da junta de Angeja e da Câmara de Albergaria. “Estamos muito satisfeitos e confiantes”, refere o autarca. E por saber que “a razão está do lado de Angeja”, António Almeida diz não poder “estar de acordo com o autarca de Cacia”.
A moção aprovada na Assembleia Municipal de Aveiro, no passado dia 10 de Maio, e que critica a perda de terrenos do munícipio de Aveiro para Albergaria-a-Velha, não assusta António Almeida. “Todos os documentos que deram entrada no Instituto Geográfico Português dão-nos razão e para além disso temos o parecer deles que também está a nosso favor”, adianta. O presidente da junta de freguesia de Angeja não se mostra preocupado com a possibilidade da autarquia aveirense avançar com uma providência cautelar, apenas lamenta, uma vez que “só irá atrasar, ainda mais, o processo”.
O problema está “no facto das duas câmaras terem dividido os seus territórios de acordo com o leito do rio. Quando tiveram de fazer os primeiros Planos Directores Municipais optaram por colocar o Vouga como limite. Mas a realidade não é essa”, assegura.
Cacia contra
O presidente da junta de freguesia de Cacia tem três terrenos registados na junta de Angeja. Questionado sobre esta situação, Simões Calafate refere apenas que “são apenas questões administrativas”. Defende-se dizendo que “também há terrenos que estão próximos, mas já estão registados em Aveiro”. Simões Calafate continua a defender que a linha divisória deve ser o rio e que o processo movido por Angeja “não faz grande sentido”. A possibilidade de avançar com uma providência cautelar não é assumida pelo autarca de Cacia, que apenas refere que “tudo irá ser feito dentro do que a lei permite”. (JN)