Ulisses Pereira não deveria acumular os cargos de presidente da Concelhia do PSD e do Conselho de Administração da empresa PDA, maioritariamente detida pela autarquia, disse Joaquim Marques, membro da Assembleia Municipal, em entrevista ao Diário de Aveiro.
“O deputado municipal Joaquim Marques defende que Ulisses Pereira não deveria acumular os cargos de presidente da Comissão Política Concelhia de Aveiro do PSD e do Conselho de Administração da empresa Parque Desportivo de Aveiro, maioritariamente detida pela autarquia.
«Provavelmente eu, se estivesse no lugar dele, ou teria abandonado a presidência da comissão política concelhia e delegado essa função num dos vice-presidentes, ou não estaria a participar de uma forma directa no exercício de alguma função no quadro do município», afirmou em entrevista ao programa «A Uma Só Voz», da Aveiro FM e do Diário de Aveiro.
O antigo vereador – fez oposição ao socialista Alberto Souto no anterior mandato – considera que deverá existir «algum distanciamento» entre o Executivo camarário actualmente liderado por Élio Maia e o órgão concelhio dos sociais-democratas, de forma a possibilitar que a equipa de Ulisses Pereira exerça um «papel crítico» face à actuação da autarquia.
Segundo Joaquim Marques, essa tarefa de avaliação não tem sido executada pelo partido «laranja» devido à sua «inexperiência em termos de exercício de poder», acrescentando: «O PSD em Aveiro está a passar por uma fase de aprendizagem, uma vez que nunca foi poder. Se calhar ainda não aprendemos a lidar com o poder».
O deputado municipal reconhece, no entanto, o «excelente trabalho» desenvolvido por Ulisses Pereira à frente da concelhia até às últimas eleições autárquicas, disputadas em 2005. «O declínio do dr. Alberto Souto começou a ocorrer com a célebre Rota dos Buracos – foi o que marcou o antes e o depois», ajuíza o social-democrata. Depois da vitória da coligação PSD/CDS, a qualidade do trabalho da direcção concelhia diminuiu. «Após as eleições, a comissão política não desenvolveu aquilo que devia ser a sua actividade», disse.
As próximas eleições para a liderança da Comissão Política Concelhia do PSD deverão realizar-se em Janeiro de 2008 e Joaquim Marques admite concorrer. «Sou militante e como tal posso ser sempre candidato», declara, mostrando-se «disponível» para encabeçar uma lista. E adicionou: «Eu acho que tenho obrigações para com o município de Aveiro e em particular para com os sociais-democratas, por força do que já representei em termos locais, não só como membro das comissões políticas mas também como vereador».
De resto, o membro da Assembleia Municipal considera ter sido «o rosto da oposição ao PS e ao dr. Alberto Souto» no último mandato socialista à frente do município, entre 2001 e 2005.
Joaquim Marques – que é também presidente da Mesa do Plenário concelhio do PSD – defende que «todos aqueles que são críticos» da actual direcção de Ulisses Pereira devem avançar com candidaturas. «Se as pessoas têm um projecto diferente do que foi apresentado até agora, devem aparecer e assumir as suas responsabilidades», refere.
Na entrevista, o ex-vereador revelou ter-se mostrado desfavorável à coligação entre PSD e CDS para as últimas autárquicas, entendendo que os sociais-democratas poderiam ter vencido sozinhos. Mas apesar de ser «por princípio» contra alianças, não deverá bater-se, no caso de ser eleito líder concelhio do partido, pela ruptura da coligação. «Penso que temos possibilidades de continuar», frisou, deixando claro o seu apoio à recandidatura de Élio Maia. O presidente do município deverá, na opinião de Joaquim Marques, proceder a «alguns reajustes» na equipa que irá concorrer em 2009 às próximas eleições municipais.
A entrevista poderá ser ouvida hoje (19 horas) ou domingo (9 horas) na Aveiro FM e lida em resumo na edição de amanhã do Diário de Aveiro.
Joaquim Marques desconfia do atraso da IGF Joaquim Marques considera que a Câmara de Aveiro deveria ter revelado mais firmeza diante da Inspecção Geral de Finanças (IGF) por causa do atraso na entrega do relatório final da auditoria às contas da autarquia. «Acho muito estranho que, passado um ano, ainda não haja o relatório final», destaca o deputado municipal, defendendo que a autarquia dê «dois murros na mesa». «Às vezes é preciso perder o politicamente correcto e partir para o politicamente incorrecto», adianta, lembrando que o Executivo de Élio Maia «necessita destes dados» para definir a sua estratégia.
Questionado sobre se estava a insinuar que alguém estaria a manobrar no sentido de atrasar a apresentação do relatório final, Joaquim Marques respondeu: «Tenho esse medo». Acrescentando: «Mas não faço a mínima ideia a quem possa interessar esta demora. Não serve ao actual Executivo, não serve ao Estado, não serve aos munícipes…»” Diário de Aveiro – notícia não disponível on line