Mais de meia centena de polícias cercaram anteontem à noite uma rua de S. João da Madeira onde existe a maior concentração de bares, noticia o Diário de Aveiro.
«Esta foi uma operação de carácter preventivo cujo objectivo era a detecção de armas, mas nenhuma foi apreendida
A Operação «Noite Segura» surge um mês depois de uma rixa de gang’s na denominada «Faixa de Gaza» (Bairro Social do Orreiro) em que um jovem foi esfaqueado nas costas, e um homem agredido na cabeça com uma pedra. Evocando a Lei 5/2006 – Novo regime das armas e suas munições – e com autorização do Procurador-geral Distrital de Aveiro, 54 polícias fecharam a Rua Padre Américo onde existem quatro bares e onde ao fim-de-semana, à noite, se juntam centenas de jovens.
Enquanto os polícias à paisana revistavam e identificavam «toda a gente», os agentes do Corpo de Intervenção do Porto, armados, impediam a passagem de qualquer pessoa. Apesar de não ter sido encontrada nenhuma arma, franca, ou de fogo, 30 pessoas foram conduzidas à esquadra por não terem qualquer documento de identificação. Dez eram elementos dos auto-denominados gang’s rivais da «Mouriska» e do «Gueto» que cerca de duas horas depois eram libertados. Também os bares foram fiscalizados, mas não se verificou nenhuma infracção, segundo o comandante da PSP de S. João da Madeira, Sub-comissário Carlos Duarte.
Clientes não gostaram
Quem não gostou desta acção foram os clientes dos bares, que se queixava de estar a ser tratados como «criminosos». «Viemos beber um copo e vem para aqui a polícia fazer este filme», afirmava o Tiago depois de ter sido revistado. No entanto, a Catarina até achou «piada», porque «quem não deve não teme».
João Santos, responsável pelo «Bicalho-Bar» concorda com estas acções, «apesar de prejudicar o negócio». «Se nós pedimos colaboração à polícia, também temos de colaborar». No entanto, afirma que «era bem melhor se houvesse um maior policiamento, mas diariamente». Ao lado, no «Pé-de-Salsa», Serafim Resende também concorda que «estas acções são úteis, mas podiam ser feitas noutra altura», é que «durante uma hora a máquina da cerveja não trabalhou e a máquina registadora não facturou». «Mas não deviam só mostrar-se nas rusgas, deviam fazê-lo todas as noites», afirmou.
Objectivo dissuasão: cumprido
Na mira da polícia estiveram também os outros bares da cidade, mas com menos aparato, uma vez que se encontram mais dispersos. Também aqui os resultados foram nulos. O Sub-comissário Carlos Duarte, desvalorizou os resultados, enfatizando o carácter preventivo e «dissuasor» da acção em que ninguém escapou às revistas.
O Diário de Aveiro sabe que a operação «Noite Segura» estava também prevista para a «Faixa de Gaza», mas o número diminuto de pessoas terá feito a PSP abortar a acção, algo não confirmado pelo comandante da polícia.
Depois das rusgas aos bares a PSP montou uma operação Stop, onde foram detectadas algumas infracções, mas nenhuma por condução sob o efeito do álcool. No entanto cinco condutores foram detidos por estarem na posse de pequenas doses de haxixe, devendo agora comparecer na Comissão de Dissuasão da Toxicodependência. Foi ainda apreendido um bastão de basebol a um indivíduo de 25 anos.» (Diário de Aveiro)