O presidente da Câmara de Aveiro voltou a defender, na reunião da Assembleia Municipal, esta sexta-feira à noite, a formação de executivos municipais sem vereadores de partidos da oposição. «Deve ser de quem ganha em absoluto para ser de facto o verdadeiro Executivo que não é», afirmou.
Os executivos são formados pelos vereadores eleitos nas eleições autárquicas. No caso de Aveiro a coligação PSD-CDS-PPM conseguiu eleger cinco vereadores, o PS três e o movimento independente Juntos por Aveiro, um.
O líder da coligação deseja um Executivo constituído por vereadores eleitos pela força política que ganhe as eleições. Defende que «acabe o parlamento na Câmara» e a Assembleia Municipal funcione «em actividade permanente».
Este assunto foi apenas abordado por Ribau Esteves que antes tinha ouvido o socialista Nuno Marques Pereira criticar o presidente da Câmara por «nunca deixar os vereadores (da maioria) usarem a palavra durante os trabalhos da Assembleia. Têm legitimidade democrática e não são ajudantes, têm com pensamento próprio», afirmou.
Ribau Esteves referiu-se ao mandato anterior, liderado por Élio Maia. Era uma «organização descomandada e esta Câmara tem liderança e equipa coesa e funcionários motivados», disse.
Nuno Marques Pereira criticou ainda a falta de informação que deveria ser disponibilizada pela Câmara, exemplificando com os planos para Rossio e a avenida (Lourenço Peixinho). «Não eleva o debate» não ter essa informação. Mostre projectos, ponha-os no site».
Ribau Esteves disse que o plano de requalificação do Rossio estende-se até à Ponte-praça, encontrando-se em curso um concurso de ideias e, segundo o autarca, foram apresentadas oito ideias que se encontram em análise cinco das quais «muito boas», disse.
Acrescentou que, «por questões políticas», a maioria decidiu que estes planos não serão fechados neste mandato.
Pré-campanha A reunião da Assembleia não foi a última do mandato, haverá ainda uma sessão extraordinária, mas na passada sexta-feira já foi em plena campanha para as eleições autárquicas que se realizam no dia 1 do próximo mês de Outubro.
A reunião foi de balanço, de despedidas e de avaliação do que se assiste. Henrique Diz, do PSD, disse que «o que se passa nas redes sociais é uma vergonha».
No balanço que Ribau Esteves fez incluiu «três renúncias de mandato», na Assembleia, na bancada do Bloco de Esquerda, «de uma assentada, ligado à vida interna do partido. É muito raro», dizendo que «foi a nódoa democrática» do mandato.
O bloquista António Neto tentou responder a Ribau Esteves, alegando a defesa da honra, mas a Mesa da Assembleia não o permitiu. Nuno Marques Pereira chamou à atenção para a obrigação da Mesa consentir a intervenção do bloquista, mas não o conseguiu.
Polémica Manuel Vieira, secretário da União de Freguesias Eixo-Eirol, presidida pelo PS, criticou a gestão da Câmara, mas o presidente da autarquia Ribau Esteves disse que foi «apenas para ficar bem na foto, lidamos pouco consigo…» o que foi suficiente para uma série de reações a começar por Filipe Guerra, do PCP, que classificou a intervenção de «grosseira, em tom baixo».
Para Francisco Picado, do PS, o presidente «descambou na dialética mas é uma das suas marcas, o registo como aborda, sem haver razão para isso» e para Nuno Marques Pereira foi um «ataque inusitado de violência verbal que não é adequado e não respondeu às questões. Para o socialista é um sinal que a maioria «trata de forma diferenciada, conforme a cor política das juntas de freguesia».
Com ironia, Henrique Diz disse que «só determinados grupos é que podem falar…, o presidente Ribau Esteves «tem o seu estilo que todos conhecem, onde está a surpresa? , responde de forma direta às investidas».
Para Ribau Esteves, perante um «encosto mais incisivo, cada um melindra-se pelo lado que a sua natureza propicia».