Segunda-feira, 2 Dezembro 2024
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Receber 23.000 e não 4.500 refugiados

Carlos Jorge Silva, especialista em estudos demográficos da Universidade de Aveiro (UA) defende que a chegada de refugiados de guerra a portugal pode «ajudar a contornar a crise de natalidade e diz que Portugal poderia receber cinco vezes mais do que os 4500 refugiados previstos.

Com 4.500, a crise demográfica portuguesa «é apenas marginalmente contrariada pela entrada de um número de refugiados na ordem de grandeza que tem sido referida nos media».

Pegando no valor do saldo natural negativo de 2014, cerca de 23000 pessoas – «poder-se-ia apontar para perto deste valor, o que representaria o quíntuplo do número de refugiados avançado, apenas para permitir cobrir o défice demográfico natural», diz Carlos Silva.

As regiões mais envelhecidas do país podem beneficiar com o acolhimento de refugiados da guerra Síria como a faixa do interior do país de Trás-os-Montes ao Alentejo, onde há regiões que estão entre as dez mais envelhecidas da Europa, revertendo-se a tendência com o facto dos refugiados serem maioritariamente constituídos por casais jovens, muitos com filhos, contribuindo diretamente para um maior equilíbrio entre os grupos etários dos mais idosos e os dos mais jovens.

Carlos Silva é coautor do livro “A Demografia e o País: Previsões Cristalinas sem Bola de Cristal”, lançado em setembro, no qual prevê que a faixa do interior do país, de Trás-os-Montes ao Alentejo, a manter-se a atual tendência da evolução do índice de fecundidade em Portugal e não havendo migrações, pode perder em 2040 um terço da população atual.

O trabalho para «receber com dignidade», imlicará inventariar os equipamentos, infraestruturas e serviços de interesse público disponíveis em cada uma e articular a oferta atual com a procura expectável, derivada do novo fluxo de população, com as características etárias conhecidas.

Ressalva que «a crise dos refugiados é um drama humano, pelo que prestar ajuda é um problema de consciência moral e cívica, antes de poder constituir um qualquer instrumento de políticas de população».

Chama a atenção para não criar ‘ghettos’, «com respeito mútuo pelas diferenças e a implementação de políticas ativas facilitadoras da integração, a aprendizagem da língua, a criação de oportunidades de trabalho, o acesso dos filhos à escola, ou a cobertura das famílias pelo Serviço Nacional de Saúde».

Para o investigador, a fecundidade apenas aumentará «se houver políticas integradas de apoio aos jovens casais, a começar pela qualidade do emprego a que tenham acesso, pelo apoio às crianças – desde a primeira infância até ao fim da escolaridade – além da criação de condições para compatibilizar a vida profissional das mulheres com a tarefa de mães».

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