A construção da nova ponte pedonal de ligação entre o Rossio e o Alboi foi entregue a Powed-Williams Architects – Gabinete de Arquitectura do Reino Unido, anunciou a Câmara esta sexta-feira.
A ponte une as duas margens do Canal Central, entre o Rossio e a Rua Clube dos Galitos, junto à ponte da Duabadoura.
O projecto representa um investimento total de aproximadamente 560.000 euros, com uma comparticipação do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) de 392.000 euros (70 por cento).
Entre os projectos já realizados por este gabinete destacam-se a Ponte Della Musica, em Roma (Itália) e a ponte do Estádio de Wembley.
Este gabinete inglês irá realizar o projecto da ponte de Aveiro em conjunto com o gabinete Buro Happold (Consultador na área de Engenharia), que está a colaborar no projecto do novo Louvre em Abu Dhabi, desenhado pelo Arquitecto Jean Nouvel.
Em segundo lugar ficou PAULA SANTOS – ARQUITECTURA, SOC. UNIPESSOAL, LDA.
Segundo a Câmara, o projecto terá ser concluído em Abril e a execução da ponte até Dezembro 2010.
Financiado pelo QREN, no âmbito do Mais Centro-Programa Operacional Regional do Centro, o projecto da Ponte Pedonal de ligação entre o Rossio e o Alboi «surge da necessidade de fazer a ligação entre duas zonas verdes da cidade de Aveiro, de forma a servir a população concelhia e supra-concelhia, reflectindo-se num aumento da qualidade de vida dos residentes destas duas zonas».
Características do Projecto vencedor
«A ponte e os seus respectivos apoios são em betão armado. Todos os restantes elementos serão pré-esforçados e pré-fabricados, de modo a minimizar o impacto da construção no parque envolvente e sobre o canal. Nenhuma parte da estrutura apoia no canal propriamente dito e os muros do mesmo permanecerão intactos, com excepção dos pontos de encontro na margem, onde se requer o corte dos muros para lançar o tabuleiro e as rampas.
Os encontros e as escadas respondem aos mais altos critérios de sustentabilidade e poupança de energia e são compostos por elementos singulares. Deste modo, criam-se numerosos pontos de acesso às rampas e ao tabuleiro da ponte com um elevado grau de economia de material.
O uso de betão aparente como passeio reduz as necessidades de manutenção, evitando a execução de trabalho temporário acima da água do canal. As guardas são em tubo de aço inoxidável e cabo metálico. Deste modo, além de operações de limpeza ocasionais, não haverá necessidade de proceder a manutenção periódica.
Estrutura
As rampas de acesso ao tabuleiro são suportadas em pontos intermédios onde se localizam escadas de acesso. Utilizar-se-á betão pré-esforçado, com uma secção transversal biselada, o que permite obter um perfil mais esguio. As rampas estão apoiadas em suportes inclinados acima da superfície da água do canal, os quais estão por sua vez apoiados em fundações aquém do muro do canal.
Uma bordadura em pedra será utilizada na beirada do tabuleiro, o qual será dividido longitudinalmente em dois, permitindo reduzir o peso da instalação e utilizar uma grua móvel de 60 toneladas. O corte longitudinal do tabuleiro é ligeiramente curvo.
As fundações, em estacas, são particularmente adequadas para as escadas, elementos oblíquos de suporte das rampas. As estacas a usar serão “mini-estacas” de 600mm de diâmetro, escolhidas por requererem apenas o uso de uma perfuradora simples, o que reduz o impacto no ambiente do parque. As fundações são afastadas do muro existente para garantir a sua integridade, inclusive durante a instalação.
Integração com a envolvente
Na margem sul, a rampa inicia a curva do canal, criando uma ligação à futura passagem pedonal sob a Ponte da Dubadoura. O passeio na direcção leste-oeste, presentemente sem saída, dará acesso ao início da rampa de acesso à ponte pedonal.
Na margem norte, a rampa de acesso à ponte inicia igualmente na curva do canal. Este é o ponto mais distante de qualquer das ruas adjacentes, o que confere a máxima relevância à ponte pedonal como um componente do desenvolvimento do Parque da Sustentabilidade.
Criar vários pontos de acesso à ponte, sejam estes rampas ou escadas nas duas margens, permite diluir o efeito de barreira do canal. O uso de betão como material de construção assegura a consistência com a envolvente, dado que tanto o canal como as construções limítrofes são de alvenaria. Para o ambiente ribeirinho da área é recomendável o uso de materiais com poucas necessidades de manutenção e não susceptíveis à ferrugem. A forte luz solar, característica da costa Atlântica, joga com os contornos simples da ponte, produzindo um alto contraste entre luz e sombra, em particular quando a mesma é vista desde o parque, com a dispersão de elementos visuais, como árvores, plantas e mobiliário urbano.
Acesso para deficientes
As rampas têm uma inclinação de 1:20 com patamares de nível a cada escada, o que resulta em tramos individuais de 17 metros. A inclinação máxima do tabuleiro é também 1:20, sobre aproximadamente 10 por cento do vão. Os corrimões das guardas contêm a iluminação. Iluminação de contraste é utilizada para facilitar o uso de amblíopes.
Iluminação
Os corrimões conterão LEDs de baixo consumo. Os extremos do tabuleiro serão marcados com pontos de luz sobre a entrada das escadas principais, num total de quatro.
Localização
A infraestrutura prevista para este novo atravessamento do Canal Central é estratégica não só para o Parque de Sustentabilidade mas para a cidade e corresponde a uma necessidade há muito sentida, de ligação das margens deste canal, onde há mais utilização por peões e cuja alternativa (Ponte Praça) exige um grande desvio.
O Programa Polis, em Aveiro, construiu alguns atravessamentos pedonais, nomeadamente no Canal de São Roque e no Cais da Fonte Nova, e previu, no seu Plano de Urbanização, alguns outros, nomeadamente nesta área. Só assim os canais urbanos da Ria de Aveiro, que tanto a caracterizam e distinguem o seu ambiente, deixam de ser obstáculos à mobilidade, em particular a circulação de peões.
O Jardim do Rossio é a maior área verde da Beira-Mar; a proximidade com a Praça do Peixe, centro geográfico deste bairro e palco de actividades urbanas, nomeadamente a maior concentração de restaurantes e bares, e do valorizado Canal de São Roque – também este com áreas ajardinadas de lazer, faz desta zona da cidade um dos destinos preferenciais para o lazer urbano. É também uma área bem servida de estacionamento automóvel, o que permite parquear e percorrer a pé todo o centro tradicional da cidade.
Na margem Sul, o conjunto formado pelo Canal do Paraíso, o Largo do Alboi e a Baixa de Sto António, para além da área verde que ocupa o vale e se prolonga pelo Parque Infante D. Pedro, é um dos grandes eixos pedonais muito utilizado em particular pelos utentes da universidade mas também pelos da escola João Afonso, Hospital e Gulbenkian, por exemplo».
Além das 18 propostas apresentadas no âmbito do procedimento concursal, lançado sob a forma de concurso de ideias, ficarão expostos na Casa Major Pessoa até 31 de Janeiro, alguns dos projectos de arquitectura que estão em desenvolvimento no âmbito do Programa de Acção do Parque da Sustentabilidade. O horário de visita será das 10.00 às 19.00 horas, incluindo sábado e domingo.