Faleceu resta segunda-feira em Aveiro, José Neves Amado, militante do PCP, Comendador da Ordem da Liberdade, com 93 anos de idade.
“Um destacado aveirenses entre os que se opuseram ao regime derrubado a 25 de Abril e porventura um dos menos conhecidos”, segundo a Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP.
Neves Amado participou, com outros marinheiros, como 2º Artilheiro da Armada, a 8 de Setembro de 1936, na revolta, anulada, contra o regime de Salazar, de três navios da marinha de guerra – o Dão, o Bartolomeu Dias e o Afonso de Albuquerque – que visava terminar com “a repressão de que eram alvo os marinheiros, num tempo que já era o da guerra civil de Espanha”.
Além de cinco que morreram, 92 julgados e 34, entre os quais Neves Amado, foram involuntariamente inaugurar o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.
Aí foi sujeito “à violência do campo de concentração durante 14 anos”. Depois regressou a Portugal em 1951, para a enfermaria da Cadeia Penitenciária de Lisboa e reintegrado nos quadros da armada após a revolução do 25 de Abril, “sendo essa a primeira justiça que lhe foi feita”.
Recebeu a Comenda da Ordem da Liberdade em 19 de Abril de 1999, assim como os outros quatro sobreviventes da revolta de 1936. “Comenda que em nada alterou a sua maneira de ser, simples e discreta”, diz o PCP.
“Avesso a falar de si e da sua experiência, pouco propenso a aparecer publicamente, José Neves Amado foi, contudo, um aveirense firme nas suas convicções, um herói da resistência ao fascismo, um cidadão de que Aveiro se deve orgulhar.
Falta agora que Aveiro o conheça melhor e que o Município tenha um gesto, porventura tardio, mas justo e oportuno, de apreço e reconhecimento por alguém cujo percurso de vida também engrandece o nome de Aveiro”.
O funeral realiza-se esta terça-feira, às 15:00h, a partir da capela mortuária da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro.