A Universidade Aveiro (UA) anunciou «um vasto espectro de
aplicações em engenharia de tecidos, medicina regenerativa, entre
outras aplicações biomédicas», através de uma nova metodologia para a obtenção micropartículas usando proteínas extraídas de lisados (proteínas) de
plaquetas de origem humana.
A nova metodologia foi criada pelos investigadores João Mano, Maria Clara
Gomes e Catarina Custódio, do laboratório CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro e do Departamento de Química da UA. «O desenvolvimento destas micropartículas à base de lisados de plaquetas já foi foi alvo de um pedido de patente nacional. Para já detém a
«proteção internacional via Patent Cooperation Treaty (PCT), o que permite ainda
futuramente a proteção alargada desta tecnologia, em diferentes territórios».
João Mano, líder do grupo de investigação, afirma que «as plataformas atualmente usadas para promover a adesão celular requerem materiais sintéticos ou processos complexos e exaustivos, o que limita a sua eficácia» e a nova tecnologia «é obtida a partir de lisados de plaquetas provenientes de colheitas de sangue expiradas, oferecendo uma alternativa sustentável a materiais que normalmente são descartados».
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«As plaquetas são pequenas células presentes no nosso sangue que ajudam na coagulação e na cicatrização de feridas. Estas células são ricas em proteínas, como fatores de crescimento e citocinas, essenciais para a regulação biológica. Através de processos de centrifugação, as plaquetas podem ser separadas das outras células do sangue e, por meio de ciclos de congelação e descongelação, podem ser rebentadas, recolhendo-se apenas as suas proteínas.
As micropartículas, que são alvo de proteção neste pedido de patente, destacam-se pela sua produção rápida e capacidade de servir como pontos de adesão e expansão de células
provenientes de vários tipos de tecidos, ajudando na formação de microtecidos. Além disso,
estas micropartículas demonstram também capacidade de influenciar a diferenciação celular, proporcionando um microambiente favorável para o desenvolvimento de tecido ósseo. Isto é possível por causa da topografia lamelar presente na superfície destas micropartículas, que proporciona a diferenciação sem necessidade de estímulos externos, necessários para outros tipos de biomateriais.
“Devido à sua proveniência, este tipo de biomaterial previne complicações imunológicas e
rejeição da plataforma aqui apresentada. Por sua vez, esta plataforma pode ser usada como substrato para a fabricação de microambientes miméticos de órgãos e tecidos“, explica João Mano. O uso de proteínas de origem humana possui ainda um menor risco de rejeição e transmissão de doenças comparativamente a alternativas atuais».