A ex-equipa médica do Beira-Mar justificou ontem as razões do seu pedido demissão, alegando que a falta de diálogo com a equipa técnica, levou a esta situação extrema, noticia o Diário de Aveiro.
«Três dos ex-elementos do corpo clínico do Beira-Mar, o médico Laerte Mota, o enfermeiro José Luís e o massagista Carlos Neves juntaram-se ontem, na Delegação de Aveiro do Sindicato dos Enfermeiros, onde explicaram as razões que os levaram a apresentar, na passada sexta-feira, o pedido de demissão por escrito à Direcção do clube «auri-negro».
Alegando incompatibilidade e falta de diálogo entre equipas, médica e técnica, Laerte Mota assumiu que «não havia empatia entre alguns elementos da equipa técnica e outros elementos da equipa médica. Ou seja, já não havia um bom relacionamento». Esta situação já se «arrastava» desde o início da época que agora terminou, estando uma gravação feita através do «voice-mail» de um telemóvel, na origem do «divórcio».
A «escuta», sobre a qual aqueles elementos se recusaram a divulgar o nome do autor, captou uma conversa entre Laerte Mota e Carlos Neves, no jogo em casa com o Moreirense, disputado a 9 de Abril deste ano, em que o médico dizia que «um determinado jogador deveria ter sido substituído por outro». Uma afirmação que o clínico Laerte Mota assume como sendo «conversa de treinador de bancada».
A relação entre médicos e técnicos «tornou-se ainda mais “azeda”, uma vez que o adjunto Jacinto João deixou de falar comigo e Augusto Inácio foi de imediato informado do teor da conversa gravada pelo telemóvel. Conhecedora desta situação, a Direcção do Beira-Mar, particularmente Artur Filipe, desvalorizou o incidente e o presidente até disse que era uma conversa de “mexericos”».
A Direcção, ainda segundo os intervenientes no encontro com os jornalistas, «fez tudo para manter a equipa médica, mesmo depois de Augusto Inácio, supostamente, ter dito: “Ou eles, ou eu”». Mas ontem, o enfermeiro José Luís afirmou que «com esta equipa técnica, jamais trabalharei no Beira-Mar. Não deixo de reconhecer que a Direcção fez um trabalho notável e, neste processo, tentou tudo para resolver o problema. Só que não há condições para continuar e só me resta desejar boa sorte a quem vier a seguir».
Laerte Mota e Carlos Neves fizeram questão de secundar as afirmações do enfermeiro e o médico confessou que a decisão de sair definitivamente só foi tomada um mês depois da primeira reunião com Artur Filipe e após várias reuniões de reflexão entre o grupo demissionário, do qual também fazem parte o médico Elmano Ramalheira e a nutricionista Lúcia Ferreira, que não estiveram presentes na conferência de imprensa.» (Diário de Aveiro)