Ao terceiro dia do Festival Sons em Trânsito, Elza Soares levantou a platéia do Teatro Aveirense, esta sexta-feira à noite, e, como tem feito ao longo da sua carreira, desafiou o público para a revolta contra injustiças como quando cantou: «(…) a carne mais barata do mercado é a carne negra» ou «’cê vai se arrepender de levantar a mão p’ra mim». Dai o desafio: «mulheres denunciem!»
Mas a «Mulher do fim do mundo» – título do seu último disco – mostra-se confiante. «Isso e só o começo, muita coisa boa está para vir».
A música, com o rock, samba e eletrónica e a sua voz rouca, é para transmitir o que a incomoda e para desinquietar os outros que estiveram na sala do Teatro Aveirense. A guerra, a fome, o racismo, a descriminação sexual com o tema «Pra fuder», por exemplo.
Por ela, ficará por cá, pelo menos enquanto as coisas não estiverem bem: «Eu vou cantar, eu quero cantar. Me deixem cantar até o fim».
E para quem foi influenciado por Elza, foi avisado pelo concerto anterior do festival, pela angolana Aline Frazão. A cantora disse que a vida de cada um que estava no Aveirense ia mudar depois de assistir ao concerto de Elza Soares.
Aline Frazão cantou a última «antes das vossas vidas mudarem…», disse ao público. Saiu do palco quando acabou de cantar, passou o intervalo e sentou-se na última fila da plateia para assistir, muito efusiva, ao concerto de Elza Soares.
Aline tem uma voz que se transfigura, que a sabe usar, com a simpatia que sai do palco. Vive em Portugal, já teve uma parceria com rapper portuguesa Capicua e assume-se uma crítica do actual governo angolano
A noite terminou no Teatro Aveirense com o dj Riot, no salão nobre do Aveirense.
PROGRAMA PARA ESTE SÁBADO 21:30h
Ed Motta (Brasil)
Amadou & Mariam (Mali)
Fogo Fogo, salão nobre. 00:30h
Ana Sofia Paiva – «contos do Mundo para todos os públicos», 11:30h