O livro de multas para banhistas indisciplinados continua intacto nas duas capitanias que controlam as praias da região Centro, noticia o JN.
«Até ontem, os capitães dos portos de Aveiro (responsável por 70 quilómetros de costa, entre Ovar e Mira, dos quais cinco quilómetros concessionados) e da Figueira da Foz (60 quilómetros, entre Mira e Pedrogão, 3,2 quilómetros concessionados) não tinham passado uma só coima na sequência da legislação que entrou em vigor há um mês e que permite à Polícia Marítima autuar quem não cumprir as indicações emanadas das bandeiras que assinalam o estado do mar.
Conhecendo-se a postura dos portugueses, este primeiro balanço pode surpreender, mas a explicação do Comandante da Capitania de Aveiro, Alves Salgado, ajuda a compreender. “Só multamos depois de avisarmos os banhistas e se estes reincidirem no comportamento de risco ou se maltratarem o nadador-salvador”, explica o capitão do porto. “É evidente que há ainda muitos banhistas a desrespeitarem a bandeira”, admite Alves Salgado, “mas como acatam o aviso do nadador-salvador, não tem sido necessário avançar para a multa”. A coima varia entre os 150 e os 550 euros. Na prática, cabe ao nadador-salvador avisar a Polícia Marítima no caso de alguém abusar da lei. A coima é passada pelo agenda da PM, cabendo ao capitão do Porto estabelecer o valor da multa.
Henrique Hermínio é um dos nadadores salvadores da praia da Barra, uma das mais procuradas na região Centro. Elogia a nova lei e assegura que a mesma ajudou a sensibilizar os banhistas para o cumprimento das regras. “Para além do perigo, agora as pessoas também sabem que podem ficar sem dinheiro, algo que faz a diferença em matéria de comportamento”, conta ao JN.
O nadador-salvador afirma que “por desatenção ou ignorância do significado das bandeiras, ainda há muita gente que vai para o mar com a bandeira vermelha ou amarela”. As situações mais problemáticas ocorrem quando a bandeira vermelha está hasteada. “Como nesse caso somos intransigentes, não deixando sequer molhar os pés, esses são os dias mais complicados. As pessoas às vezes não compreendem, mas rapidamente acatam as orientações”.
“Postura exemplar” Nas praias sob jurisdição da Capitania da Figueira da Foz ainda não foi levantado nenhum processo a banhistas por desrespeito à bandeira vermelha, revelou o comandante. “Ainda não tivemos a necessidade de multar ninguém.
Os banhistas que tem visitado as praias sob nossa jurisdição têm tido uma postura exemplar”, disse, ao JN, Louro Alves. Segundo as novas regras, publicadas em Diário da República a 2 de Junho e que começaram a ser aplicadas cinco dias depois, quem for ao banho com bandeira vermelha e quem nadar com bandeira amarela, poderá ser multado.
“Talvez pelo valor das multas, que começa a pesar nas finanças de cada um, as pessoas estão mais respeitadoras”, referiu Louro Alves.» (JN)