Sábado, 14 Dezembro 2024
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Cabo da GNR julgado por corrupção

Paulino Correia, de 51 anos, foi apanhado pela PJ do Porto a 2 de Julho de 2003 depois de presumivelmente ter recebido 150 euros de um automobilista como alegada contrapartida do perdão de duas multas por falta de inspecção e selo, noticia o Diário de Aveiro.

«”A vítima denunciou o caso à própria GNR que o encaminhou para a PJ, que montou a “cilada.

O condutor Carlos Ramos foi ao encontro marcado pelo GNR, num café em S. João de Ver, disse-lhe que tinha o dinheiro mas o militar da GNR, segundo a vítima, disse-lhe: “Aqui não, lá fora”. Foi no carro de Paulino Correia que Carlos Ramos disse ter-lhe dado os 150 euros em notas marcadas. Pouco depois, Paulino Correia arrancava com o seu carro, mas 200 metros à frente foi mandado parar pela PJ, acabando por ser detido.

Imediatamente a GNR suspendeu-o de todas as funções e instaurou-lhe um processo disciplinar que culminou com a sua expulsão da Guarda. No entanto, em Dezembro de 2003, ainda antes de abandonar a GNR, Paulino Correia foi promovido a cabo. Fonte do Grupo Territorial da GNR explicou ao Diário de Aveiro que esta promoção só ocorreu por ser retroactiva, “ou seja, já tinha sido decidida antes da detenção”.

Durante a sessão de julgamento, o arguido contou outra versão da história mas com várias contradições, o que levou a juíza presidente do colectivo a repreendê-lo: “O Sr. vai oscilando em função das perguntas. Não nos passe um atestado de burrice e incompetência, porque nós (juízes) estamos atentos”. Paulino Correia negou que quisesse receber qualquer suborno para perdoar as multas, explicando que não passou o auto logo na altura, nem nos dias seguintes, “porque só ia fazê-lo quando ele (vítima) tivesse a situação do carro regularizada”. Afirmou que o condutor lhe atirou o dinheiro para dentro do carro e ele ia atrás dele para o devolver, quando foi detido. Segundo ele, “é normal tomar nota dos dados dos condutores e do carro num papel e só depois passar a multa”.

Neste caso, explicou, ainda não o tinha feito porque “não tinha tido tempo”. Também o cabo Demétrio, seu colega de patrulha naquele dia, afirmou ao procurador que esta situação é normal e que “há autuações que só são passadas até um ano depois”, levando o magistrado a afirmar que teria de reunir com os superiores hierárquicos para saber o que se passava.

Pela sala de audiências passaram também dois outros condutores que confessaram ter pago a Paulino Correia para que ele lhes perdoasse as multas. Os casos remontam a 3 de Outubro de 2002 e 4 de Maio de 2003. Nos dois casos foram os apontamentos encontrados em casa de Paulino Correia que levaram a PJ às vítimas.

António Pereira foi a primeira vítima conhecida deste militar. Foi no dia 3 de Outubro de 2003, em Travanca. Segundo ele, Paulino Correia estava fardado, mas num carro à civil. Mais uma vez a infracção foi por falta de inspecção periódica. Desta vez o agente policial terá ficado com os documentos como garantia que ele iria levar-lhe o pagamento a sua casa. Alguns dias depois a vítima foi a casa levar-lhe os 50 euros prometidos e levantou os documentos.

Serafim Costa foi fiscalizado por Paulino Correia a 4 de Maio de 2003 em Pigeiros. Também não tinha a inspecção em dia e alegadamente pagou-lhe 100 euros, «duas notas de 50 euros», para não ser multado.
A última multa passada pelo cabo Paulino Correia remonta a 19 de Outubro de 2002.

O militar da GNR incorre numa pena entre um e oito anos de prisão.
Este foi o primeiro de três casos de alegada corrupção detectados no Destacamento Territorial da GNR de S. João da Madeira, o que causou algum mau estar entre a maioria dos militares que se sentem ofendidos pela atitude de alguns que, dizem, “não honram a farda que vestem”.» (Diário de Aveiro)

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