Os portos de Aveiro e Setúbal «estão entre os piores da Europa em termos de entrada de peixe ilegal na União Europeia, declarou ao Expresso Truls Gulowsen, activista norueguês do Expresso que acrescenta a esta lista negra os portos de Madrid, Vigo, e Las Palmas e o holandês de Eemshaven.
«A Capitania e a Administração do Porto desvalorizam o epíteto.
Os ambientalistas estimam que o negócio da sobrepesca no mar de Barents movimente 400 milhões de euros e corresponda a 25 % do bacalhau pescado naquelas águas.
Informação idêntica foi obtida numa investigação jornalística
do canal 4 da televisão sueca, que também aponta o dedo a estruturas semelhantes na Alemanha, Dinamarca, Holanda e reino Unido.
Estes são o destino das 100 a 160 mil toneladas do chamado “peixe negro” capturado anualmente, por navios sem direito a quotas ou que pescam em locais protegidos ou recorrendo a técnicas proibidas.
(…)
Aveiro é o porto português com maior registo de barcos nacionais de pesca longínqua (23) e o principal ancoradouro dos bacalhoeiros. Mas são ainda mais os barcos de pavilhão de conveniência que por ali acostam – como o Kabou ou o Kerguelen – que constam da lista negra da União Europeia e da comissão que gere a pesca do Atlântico Norte. Ambos são propriedade de António Silva Vieira, um dos maiores armadores portugueses que na semana passada admitiu ao Expresso a prática da sobrepesca.
Para o Comandante da Capitania do Porto de Aveiro, Alves Salgado, que tutela a política marítima regional, é este conjunto de factos que justifica o epíteto de porto-pirata. Mas argumenta que Silva Vieira “não é pior nem melhor do que os outros armadores”. Esta é a ideia que corre, mesmo entre os fiscais da pesca. Por seu lado, a Administração do Porto de Aveiro, não percebe o porquê da classificação de porto-pirata. “Todas as embarcações que aqui entram são legais”. E alega que nunca foram notificados sobre qualquer navio em situação ilegal. Questionado sobre o que pensa do armador Silva Vieira diz ser «um dos principais armadores nacionais e um parceiro comercial da APA que tem cumprido as suas obrigações».
Em causa própria, o “corsário” Silva Vieira defende-se: “Há navios de armadores portugueses que vão descarregar a Vigo, para fugir à fiscalização habitual aqui. E não são os meus”. E desafia: É pena que a Direcção-Geral das pescas não se preocupe com esses”. (…)».
