Depois da certificação dos ovos moles com a IGP – Indicação Geográfica Protegida, a Associação dos Produtores de Ovos Moles de Aveiro pretende tornar as claras de ovo, que hoje são um resíduo, num subproduto de interesse económico, noticia o Diário de Aveiro.
«Neste momento, os ovos moles de Aveiro beneficiam já da protecção nacional transitória, refere José Francisco, presidente da direcção da Associação dos Produtores de Ovos Moles de Aveiro (APOMA), ao explicar que «têm Indicação Geográfica, falta a o “P de protegida”, que esperamos obter brevemente, para ser uma marca comunitária de certificação IGP, que será o culminar deste processo».
A APOMA tem 35 produtores de ovos moles associados, e mais dois produtores de hóstia. No entanto, na área da IG (indicação geográfica), a única onde os ovos moles de Aveiro podem ser produzidos, há perto de 400 pastelarias com capacidade para produzir ou comercializá-los.
Mesmo não sendo associados da APOMA, esses estabelecimentos têm que obedecer às normas de qualidade definidas para a produção e comercialização dos enquanto produto e marca protegida. De qualquer modo, como reconhece o presidente da APOMA, os 35 produtores associados representam cerca de 80 por cento da quota de mercado.
O mercado dos ovos moles atinge, actualmente, cerca de cinco milhões de euros, mas a tendência é de subida, até porque a associação está a avançar com um processo que visa a internacionalização dos ovos moles de Aveiro, de modo a serem incluídos nas ementas de restaurantes da União Europeia e também dos países onde há grandes comunidades portuguesas emigradas. A parceria existente entre a APOMA e a TAP insere-se nesse objectivo de “sensibilizar o mercado para esta capacidade que o produto tem de se internacionalizar. Temos produtores com capacidade de produção muito interessante, temos empresas com capacidade técnica para fazer o transporte do produto para os mercados estrangeiros”. José Francisco questiona, por isso, que «existindo capacidade e vontade dos produtores, existindo disponibilidade por parte dos consumidores, porque não dar esse passo? A campanha que fizemos com a TAP visa dar esse primeiro passo com vista à internacionalização do produto».
Claras – um subproduto a valorizar Anualmente, são produzidas cerca de 350 toneladas de ovos moles, o que implica um consumo da ordem dos 13 milhões de ovos. Como só as gemas são aproveitadas, as cerca de 800 toneladas de claras de ovos constituem um resíduo que tem de ser aproveitado e valorizado.
Neste momento, as claras estão a ser utilizadas em doçaria (na produção de cavacas, suspiros, pudins «molotof», entre outros doces de colher à base de claras). Mas a APOMA tem outros projectos para valorizar as claras, como sublinha José Francisco, ao dizer que têm sido «feito experiências muito curiosas, nomeadamente no que se refere à “colagem” dos vinhos, à alimentação animal».
«Estamos confiantes que podemos dar saída e valor acrescentado a um resíduo, que desejamos torná-lo rapidamente numa matéria-prima ou mesmo num subproduto. Com isso, queremos que as claras deixem de ser um problema para os produtores de ovos moles e passem a ser mais uma fonte de receita», reforça José Francisco. (Diário de Aveiro)