O aumento das temperaturas pode acelerar a decomposição da matéria orgânica nas zonas húmidas, ameaçando a sua capacidade de armazenar carbono segundo demonstrou uma equipa de investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA) que participou num estudo científico global. Estas áreas são «sumidouros naturais de carbono, essenciais para a mitigação das alterações climáticas».
As pradarias, marinhas e sapais da Ria de Aveiro foram locais analisados pela equipa da UA, constituídas pelos investigadores Ana Sousa, Ana Lillebø e Daniel Jerónimo, que estudou zonas húmidas de diversos tipos, desde sapais costeiros a ecossistemas de água doce.
Os resultados revelam que «zonas húmidas como sapais e sistemas de água doce têm uma elevada capacidade de preservar carbono, no entanto, o estudo alerta que o aumento das temperaturas está a acelerar a decomposição da matéria orgânica mais resistente, conhecida como recalcitrante. Este fenómeno pode comprometer o papel destas áreas na mitigação das alterações climáticas.
«Com base nas projeções, prevê-se que as taxas de decomposição aumentem cerca de 3 por cento até 2050, um impacto aparentemente pequeno, mas com implicações significativas para o equilíbrio climático global», segundo o estudo.
Foram analisadas zonas húmidas em 28 países e mais de 180 locais distintos, com «uma abordagem inovadora: o uso de 19 000 saquetas de chá (chá verde e chá de rooibos) para medir a decomposição da matéria orgânica no solo», ajudando a «desvendar os impactos climáticos de forma acessível e replicável».