O Centro Local de Apoio ao Imigrante (CLAI) funciona em Aveiro desde Abril de 2003 e em apenas três anos já deu resposta a mais de dois mil problemas colocados por imigrantes, na sua maioria ucranianos, brasileiros, russos, moldavos e angolanos, noticia o JN.
«A legalização, questões relacionadas com trabalho e segurança social, reagrupamento familiar e educação são as principais preocupações de quem chega a um país estranho em busca de uma vida melhor.
De acordo com os responsáveis, o CLAI funciona como “uma espécie de front-office”. “É o primeiro sítio onde as pessoas vêm em busca de ajuda e aconselhamento”, sublinha Hélder Ferreira, coordenador do centro. No caso de aparecerem problemas mais complicados de solucionar, os imigrantes são encaminhados para o Gabinete de Acção Comunitária, que funciona em paralelo e como complemento ao CLAI.
“Temos tidos bons resultados, sobretudo no que toca à regularização de situações, organização dos processos. Há casos onde ajudamos numa primeira fase, esclarecendo as dúvidas, mas depois é dado um acompanhamento às pessoas, ajudando-as a retomarem os seus processos de legalização”, refere o coordenador.
O aconselhamento jurídico é dos mais procurados pelos imigrantes que recorrem ao CLAI. Mas se há três anos o apoio ia mais para a procura de trabalho (que ainda existe) e para as necessidades básicas (local para morar, roupas, alimentação e higiene), hoje em dia os serviços prestados são um pouco diferentes. “Tivemos duas fases, uma quando eles chegam cá pela primeira vez e precisam de ajuda imediata, outra quando já estão integrados na sociedade. Neste momento, grande parte das pessoas que aqui vem procura ajuda no campo do reagrupamento familiar, obtenção de autorização de residência e educação, sobretudo para os filhos”, explica Hélder Ferreira.
Quando um imigrante aparece no CLAI a dizer que conseguiu um trabalho legal, que conseguiu arranjar uma casa e obteve uma autorização de permanência ou residência, é, para as pessoas que trabalham no centro, um dia de felicidade, o dia em que mais um objectivo foi conseguido.
O sonho do cozinheiro
É o caso de Denys Shecvyrav, um ucraniano de 26 anos que está em Portugal há pouco mais de quatro anos.
Começou como voluntário no Centro Local de Apoio ao Imigrante e actualmente trabalha no centro como moderador, sendo o responsável pelo primeiro contacto com outros imigrantes. Está prestes a obter a autorização de residência, o que significa que nos últimos anos conseguiu ter trabalho, mantendo a sua situação sempre legalizada.
“É muito importante obter a autorização de residência porque assim já podemos pedir um crédito para comprar uma casa e ter outro tipo de empregos”, realça o jovem ucraniano, que gostava de ter um negócio próprio.
Na Ucrânia estudou para ser chefe de cozinha e tirou também um curso ligado “à gestão e economia”.
“Este Verão quero ir ao meu País tentar fazer o reconhecimento do diploma. Gostava de ser cozinheiro em Portugal, de ter uma equipa para fazer comida ucraniana”, afirma Denys Shecvyrav.
Os responsáveis por este centro, que serve todo o distrito de Aveiro e muitas vezes presta também apoio a imigrantes de outros locais, garantem que existem “milhares de imigrantes nesta região. É muito difícil de contabilizar”, refere o coordenador do CLAI. (JN)