A Universidade de Aveiro anunciou esta quarta-feira a aplicação de um investimento de cerca de 7 milhões de euros em equipamento científico, «com o objectivo de actualizar e renovar as suas infra-estruturas de investigação», no âmbito do Programa Nacional de Re-equipamento científico lançado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Segundo a UA, o investimento traduz-se na aquisição «de mais de uma dezena de avultados equipamentos.
O investimento é co-financiado em 10 por cento pela UA, é «uma aposta no desenvolvimento científico e tecnológico das áreas relacionadas com os Materiais, o Ambiente e a Nanotecnologia, enriquecendo os Laboratórios Associados CESAM, CICECO e I3N».
Excerto do comunicado da UA
O financiamento estende-se, ainda, ao apetrechamento da Redes Nacionais de Microscopia Electrónica e de Espectrometria de Massa, criadas ao abrigo deste Programa e com o seu núcleo principal sedeado na UA.
A Rede Nacional de Espectrometria de Massa (RNEM) conta agora com um novo Espectrómetro de massa equipado com a última geração de analisadores de «tempo de voo tandem», combinando sensibilidade, resolução e rapidez de análise, o que possibilita a identificação em larga escala de péptidos/proteínas com elevado grau de confiança.
Este equipamento pode ser aplicado na sequenciação de péptidos (Denovo sequencing), na caracterização de modificações pós-traduccionais (PTM´s), na determinação da massa molecular de espécies numa gama alargada tipicamente até 300KDa e aplicado a macromoléculas orgânicas de diferente origem (oligossacarídeos, oligonucleótidos, polímeros, complexos metálicos entre outros).
Um amostrador automático, a trapa linear quadrupolar e o cromatógrafo líquido nano-HPLC, também agora adquiridos, vem facilitar a colecta de fracções, a quantificação e, simultaneamente, a identificação com elevado grau de confiança de drogas e outros metabolitos em amostras de elevada complexidade, a caracterização estrutural de compostos desconhecidos, com uma elevada precisão na análise quantitativa com uma gama linear de 4 ordens de magnitude.
Em Novembro, um novo equipamento chegou a Aveiro para integrar a Rede Nacional de Microscopia Electrónica (RNME): um Microscópio electrónico de transmissão analítico de alta resolução de 200kV, com canhão de electrões de emissão Schottky, integrando o modo de funcionamento de varrimento em transmissão e a captura de imagens digitais em tempo real, incorporados na configuração de base ou como unidades de expansão desta e um Sistema de microanálise por espectrometria de raios-X de dispersão de energia para microscopia electrónica de transmissão.
O Laboratório Associado CICECO recebeu um novo equipamento de difracção de raios X de monocristal, que vem dar um novo e importante ímpeto à investigação relacionada com a cristalografia química na UA, permitindo a elucidação em tempo útil dos detalhes estruturais dos compostos isolados sob a forma de mono-cristais. O conhecimento estrutural obtido com o uso deste versátil equipamento tem vindo, ao longo do último ano, a motivar investigadores a desenvolver, por exemplo, novos métodos de síntese para obter novos materiais funcionais.
Novos equipamentos de DSC, DSC/TG e DMA/DMTA e respectivos acessórios foram também instalados neste Laboratório, distinguindo-se pela extensa gama de velocidades de varrimento térmico, com a exactidão só acessível quando se medem directamente os fluxos de calor envolvidos. A combinação da calorimetria com a termogravimetria de alta temperatura e a possibilidade opcional de análise termomecânica em atmosferas inertes ou reactivas vêm trazer um novo fulgor à investigação em materiais a mais extensa gama de escalas de tempo, essencial ao desenvolvimento da investigação da dinâmica da resposta térmica, mecânica e dieléctrica de praticamente todas as classes de materiais, incluindo os poliméricos, uma das prioridades internacionalmente reconhecidas da investigação no domínio da Física da Matéria Condensada.
Ao nível da investigação experimental em segurança contra incêndios em edifícios, a UA está, agora, equipada com um forno vertical com 3,10 m x 3,10 m de abertura livre, capaz de realizar ensaios normalizados de resistência ao fogo de elementos e produtos de construção de acordo com a regulamentação Europeia. Um importante instrumento ao dispor das autarquias e das empresas no domínio da segurança contra incêndios em edifícios, permitindo o desenvolvimento de novos produtos de construção com características de resistência ao fogo de acordo com a mais recente regulamentação europeia e nacional.
Não menos importante, é a aquisição do Sistema SNOM (microscopia óptica de campo próximo). Uma técnica que permite obter imagens com resolução espacial de aproximadamente 30 nanometros, fundamental em nanotecnologia e nanociências, não só pela resolução espacial mas também pela versatilidade. O sistema é muito completo, integrando várias técnicas para além da técnica de campo próximo: microscopia convencional, microscopia confocal, AFM (microscopia de força atómica), permitindo, para além da observação de materiais e superfícies, utilizações em muitas outras áreas tais como microbiologia, química e bioquímica ou a microelectrónica.
Únicos no país são o forno de grafite de alta temperatura (máx. 2000ºC) com atmosfera controlada visando sobretudo a produção de peças à escala e uma máquina universal de ensaios mecânicos para medidas de flexão, compressão e fluência até 1400°C em ambiente oxidante e não oxidante que a UA acaba de adquirir. Este equipamento veio auxiliar o desenvolvimento de diversos projectos do Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro, entre os quais o de Produção e Caracterização de Novos Vedantes Cerâmicos. Dada a dimensão de alguns protótipos, foi necessário recorrer a um equipamento desta natureza e desta dimensão, antes inexistente em Portugal, para a sua produção.
O sistema combinado existente em Portugal com melhor compromisso
e solução/penetração para estudos a profundidades inferiores a 300m de profundidade está, agora, na UA. Permitindo alargar em muito a área de investigação que aqui se desenvolve há vários anos, no que respeita ao estudo detalhado dos fundos marinhos da plataforma continental e de sistemas estuarinos e lagunares, o sonar de varrimento lateral permite a obtenção de uma espécie de «fotografia acústica» dos fundos marinhos e estuarinos com muito alta resolução, enquanto que o Chirp sonar permite obter uma espécie de secção geológica vertical abaixo do fundo, até uma profundidade de várias dezenas de metros.
Este sistema tem aplicações na área portuária, e estudos da dinâmica sedimentar, geologia e riscos geológicos da plataforma continental.
Enriquecidos com este programa foram ainda a Estação Meteorológica e o laboratório de microarrays de DNA, instalados nos Departamentos de Física e Biologia da UA, com tecnologia avançada de aquisição, processamento e arquivo de informação coligida por satélites de órbita polar e de fabrico e análise de Chips de DNA para análise funcional de genomas.