O PCP de Aveiro diz que «criar uma fundação é dar um passo de gigante no caminho da privatização da Universidade», segundo comunicado difundido esta quinta-feira que anuncia uma campanha sob o lema «“Fundação – nem pensar! Não à Privatização”, com vista a denunciar os perigos com que a Universidade está confrontada».
Os comunistas dizem que a entrega da UA «a interesses particulares é contrária às necessidades do País e da Região» e dizem que «a defesa da transparência do processo estatutário, bem como a liminar recusa do caminho fundacional são elementos centrais neste momento».
O PCP conclui das recentes declarações da Reitora Helena Nazaré: «“está preparada, não só para um processo de adaptação, mas para promover e liderar a mudança”, e as insistentes referências do Presidente da Associação Académica de Aveiro, à sua óbvia preferência pela criação de uma Fundação, no quadro do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, adensam preocupações de que seja esse o caminho a trilhar».
Receios que«são agora confirmados com a decisão da Assembleia Estatutária de abrir um processo de discussão com o Ministério da Educação, nesse sentido».
O PCP contesta a constituição da Assembleia Estatutária, com 12 professores da Universidade, só 3 estudantes e cinco personalidades externas à Universidade. Não inclui qualquer trabalhador não docente», diz.
Também preocupa o PCP, «que as personalidades externas à Universidade escolhidas para completar o conjunto da Assembleia sejam oriundas das principais empresas que têm protocolos estabelecidos com a Universidade (Siemens e PT Inovação) e que têm interesse em determinar os andamentos e as prioridades da Universidade, como se pode perceber das palavras do representante da Siemens, (João Picoito), em recente entrevista à revista da Ordem dos Engenheiros – “Se eu contrato 300 engenheiros num ano, gostava de ter uma palavra a dizer na formação dessas pessoas, porque a universidade está a formar engenheiros para a indústria”. É a lógica de uma Universidade exclusivamente ao serviço dos grandes grupos económicos e não da formação integral do indivíduo e do desenvolvimento do país, funções primeiras do Ensino Superior».
O PCP questiona ainda «as razões da escolha do ex-Reitor da Universidade Autónoma de Barcelona para tal órgão».
Entretanto, a redução das transferências financeiras do Estado já provocou que a Universidade de Aveiro tivesse de «adiantar 500 mil euros para pagamentos das bolsas de acção social, dinheiro de que continuará à espera por parte da tutela»m, segundo o PCP.