A Câmara de Aveiro aprovou esta segunda-feira, por unanimidade, a atribuição da Medalha de Ouro Municipal, a título póstumo, a Carlos Candal.
Para além da Medalha de Ouro Municipal foi ainda deliberado um voto de pesar e de condolências, a ratificação da deliberação do luto municipal de três dias e a inclusão do seu nome a uma artéria na freguesia da Vera-Cruz, onde nasceu e viveu.
Carlos Manuel Natividade da Costa Candal morreu a 18 de Junho, «um aveirense de mérito, conhecido advogado, membro da Assembleia Municipal de Aveiro e seu antigo presidente».
Nota da Câmara – «Trata-se de uma enorme perda para a todo o Município de Aveiro, que muito lastimamos.
O Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Élio Maia, quer deixar expresso que “o município perdeu um aveirense de excepção, um lutador de causas, um tribuno eloquente e capaz, um senhor na concepção mais solene da palavra” e que reunia, no “seu estilo muito próprio” a amizade e o carinho “quer dos seus amigos quer dos seus adversários políticos”.
Élio Maia deixa “a sua mais profunda mágoa pela perda de uma figura nobre, um adversário político cujas palavras inspiravam e eram ao mesmo tempo marcantes e cheias de sabedoria”. Refere ainda que “nos meus tempos de autarca, foi das pessoas mais marcantes com quem tive o prazer de conviver”.
Carlos Manuel Natividade da Costa Candal (nascido a 1 de Junho de 1938, em Aveiro), político e advogado português, foi membro fundador do Partido Socialista e deputado por aquele partido, primeiro na Assembleia Constituinte, depois na Assembleia da República por diversas legislaturas (I, II, II, IV) e, por fim, no Parlamento Europeu (dois mandatos 1995-1999 e 1999-2004).
No Parlamento Europeu exerceu funções de Vice-Presidente da Delegação para as relações com os países membros da ANASE, o Sudeste Asiático e a República da Coreia tendo sido membro de várias comissões e delegações.
Licenciado em Direito e com o Curso Complementar de Ciências Político-Económicas, Carlos Candal foi presidente da Associação Académica de Coimbra em 1961, e ficou conhecido pelas suas intervenções nesses anos de luta contra o regime salazarista e a guerra colonial. Na sua actividade profissional foi igualmente professor do ensino secundário. Fez uma comissão militar em Timor, onde exerceu as funções de Promotor de Justiça do Tribunal Militar Territorial. Advogado em Aveiro, integrando um escritório de advogados, Carlos Candal era um causídico de barra, sendo conhecido pela sua eloquência quer no Tribunal quer fora dele. Em 1995, foi o cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Aveiro e enfrentou nessa eleição, entre outros, Paulo Portas e Pacheco Pereira. A disputa desse círculo ficou conhecida pelo Breve manifesto anti-Portas em português suave, da sua autoria. Em 2001, candidatou-se ao cargo de bastonário da Ordem dos Advogados.
Foi Presidente da Assembleia Municipal de Aveiro durante dois mandatos (entre 1997 e 2005). A 5 de Maio de 2003 (entregue no 12 de Maio do mesmo ano) foi-lhe atribuída a Medalha de Mérito Municipal em Prata devido à sua participação na Comissão Executiva do 3º Congresso da Oposição Democrática.
Em 2005 foi primeiro da lista à Assembleia Municipal de Aveiro pelo PS, estando actualmente em funções como Vogal».