No dia em que a Câmara Municipal inaugurou a exposição «Teatro… Uma viagem ao passado», no Museu da República, onde estão expostos espólio dos grupos de teatro de A veiro, Jacas vem a público romper as relações institucionais entre o Arlequim e a autarquia, noticia o Diário de Aveiro.
«Uma decisão que decorre de um «profundo descontentamento por, mais uma vez, o Arlequim ter sido completamente ignorado pelos serviços camarários», referiu o responsável pelo grupo de teatro para a infância. Jacas admite que actualmente o Arlequim «está longe de repetir a actividade que teve em anos anteriores», com mais de 60 espectáculos por ano, cerca de 150 crianças a passarem, todas as semanas, pela Teatroteca e responsável por acções de formação em todo o país, mas «apesar de reduzida, continuamos a trabalhar», assegurou ao Diário de Aveiro.
Participação em colóquios, ateliers e espectáculos continuam a dar vida ao Arlequim, «que só não é mais intensa porque a autarquia tirou-nos a casa, em 2000, e nunca mais nos resolveu o problema, pelo menos com a dignidade que merecemos». Ao saber da realização desta exposição, lacas acredita que «a autarquia não quer saber de nós e desvaloriza completamente os 28 anos de trabalho que temos para trás», e aproveita para «publicamente terminar as relações institucionais do Arlequim com a Câmara, até que esta mostre outra postura e mais respeito pelo grupo».
«Temos espólio para dois teatros da república»
Relativamente à exposição que ontem foi inaugurada, Jacas refere que «temos espólio para encher dois teatros da república e ainda ficam coisas por mostrar», disse, referindo-se a guarda-roupa, cartazes, livros, fotografias, cenografia, acessórios, equipamentos e muito mais. Um espólio que está guardado em sótãos, garagens e casas particulares, à espera de um dia verem a luz do dia e contribuírem para uma maior e melhor divulgação do teatro junto da população. Um projecto que Jacas ainda não perdeu a esperança de ver concretizado.
Ainda de acordo com este responsável, o grupo continua à espera que a autarquia dê uma solução à falta de espaço. «Sem uma sede para termos as coisas arrumadas e podermos fazer teatro com regularidade, é impossível crescermos e termos grande visibilidade», lamentando que desde 2000, ano em que o Arlequim foi obrigado a sair do espaço onde estava, «andamos com as tralhas às costas». Ainda assim, ressalva que «nunca deixámos de trabalhar, temos uma média de 15 espectáculos por ano e inúmeras participações em feiras, colóquios e ateliers, além de acções de formação», lembrando ainda que «no ano passado a autarquia convidou o Arlequim para integrar o Conselho de Cultura.
Um grupo de trabalho que reuniu por várias vezes e que juntava pessoas do teatro, música , associativismo, dança, entre outras» e refere, «como é que podem achar que o Arlequim não existe e não está activo?».(Diário de Aveiro)