Mais de 30 mil pessoas “marcaram” os últimos dias da Feira de Março, que ontem fechou as suas portas, noticia o JN.
«A noite de anteontem, com o concerto da brasileira Daniela Mercury, levou ao recinto da feira cerca de dez mil pessoas, segundo números não oficiais.
Se em termos de afluência a Feira de Março voltou a ser um êxito, o mesmo não se pode dizer no que concerne a vendas.
Com presença marcada no certame nos últimos 14 anos, José Rodrigues, comerciante de queijos e enchidos, considera que a feira foi fraca, mas justificou o menor volume de negócio com a crise generalizada que o país atravessa.
“Deu para as despesas”, disse o feirante, ontem, ao JN, mantendo a esperança de no próximo ano estar presente, apesar de considerar que o recinto do certame “não tem condições para os visitantes”.
“Estava habituado a outras condições e este ano nem pude meter uma pequena esplanada”, lamentou.
Uma opinião que também foi defendida por Avelino Sá, que tinha uma barraca de produtos de cutelaria. “Foi péssima. As pessoas não têm dinheiro e o pior disto é que a Câmara não nos deu condições para fazermos a feira”, afirmou.
“Para além de no recinto ao ar livre não termos casas de banho – apenas retretes que cheiram mal, pois há dias e dias que não as limpam -, a feira está reduzida a uma ninharia no sector comercial. Se uma pessoa quiser comprar um cesto ou uma camisa, praticamente não tem oferta”, sustentou Avelino Sá, que se queixou ainda da qualidade do espaço que lhe venderam. “Só temos um metro de pala e levei uma semana a montar isto. Agora, para desmontar, vai ser outra semana”, desabafou.
“Em princípio, para o ano não venho. Só se derem melhores condições para trabalhar”, frisou Avelino Sá, que está presente na Feira de Março há quase 30 anos.
Presente pela primeira vez no certame, com a venda de calçado, Carlos Caetano disse ao JN que o “negócio foi um bocado fraco”. “Podemos agradecer um bocadinho à organização e ao mau tempo”, desabafou.
“A feira está saturada de artigos iguais, há mais de 40 barracas de bijuteria de indianos”, afirmou.
Também quem acha que o negócio não foi pelo melhor foi António Henriques, do sector das diversões. “A crise é muita, apesar da grande afluência de pessoas”, disse, salientando que, em relação ao ano passado, a quebra se situa na ordem dos 30%.
“A feira está bem orientada, mas, com a crise, quem ‘apanha’, em primeiro lugar, são as coisas de lazer e diversão”, confessou o vendedor.
Crise foi coisa que Nazaré Correia, com um pavilhão tradicional de farturas, não sentiu.
“O negócio está igual ao ano passado, pois para as farturas, graças a Deus, que há sempre umas moedinhas. Por isso, estou contente”, referiu.» (JN)