O Bloco de Esquerda denuncia numa carta dirigida ao Presidente da Autoridade para as Condições de Trabalho a situação de precaridade de 1000 trabalhadores da multinacional Faurécia, Assentos de Automóveis, Lda, com sucursal em S.João da Madeira.
Trata-se da quarta maior empresa do distrito de Aveiro, empregando neste concelho cerca de 2100 trabalhadores.
Segundo a carta assinada pelo bloquista João Soeiro, a empresa «utiliza uma política de mão-de-obra descartável, empregando por um período de 6 meses, despedindo ao fim deste período para depois procurar, através das ETT’s mão-de-obra precária que ocupe, sempre rotativamente, os postos de trabalho».
Segundo a carta, «é comum encontrar-se nas Empresas de Trabalho Temporário (ETT’s) ofertas de trabalho para esta empresa». Segundo João Soeiro, «esta situação prova que estes postos de trabalho são necessários para a laboração da empresa e são postos de trabalho permanente; no entanto, a empresa recusa-se a oferecer à maior parte dos seus trabalhadores contratos de trabalho permanentes».
Desta forma, segundo o elemento do BE, a empresa «foge às responsabilidades sócio-laborais que deveria ter para com os seus trabalhadores, lançando uma espiral de precariedade e instabilidade sobre os trabalhadores que vai contratando, em particular na incidência que pode ter no não acesso ao subsídio de desemprego».
A carta recorda que em Novembro de 2006 foi atribuído a esta empresa de S. João da Madeira «o Óscar da Exportação português, oferecido pela Deloitte, numa cerimónia em que esteve presente Secretário de Estado do Comércio e Defesa do Consumidor, Fernando Serrasqueiro, que elogiou o empreendedorismo e o exemplo de sucesso desta empresa».
João Soeiro pergunta ao Presidente da Autoridade para as Condições de Trabalho «que medidas pretende tomar para que se faça cumprir a legislação em vigor, nomeadamente no que diz respeito verificação de que existem trabalhadores temporários ou a prazo que se sucedem em postos de trabalho permanentes?».
A empresa teve uma facturação, nos anos de 2005 e 2006, de cerca de 190 milhões de euros por ano, diz na carta.