Oito marnotos que ainda se dedicam à produção de sal artesanal resolveram juntar-se e criar, com o apoio da Câmara de Aveiro, uma associação que irá ter presença na Federação Nacional de Produtores de Sal Marinho Artesanal (FENESAL), que está agora a ser criada, noticia o JN.
«O aparecimento desta associação de marnotos é o primeiro passo para conseguirem reunir as condições necessárias para obter a certificação de qualidade, que irá permitir vender a marca sal de Aveiro em qualquer espaço comercial.
A ideia de criar esta associação de marnotos surgiu depois de um estudo realizado pela Universidade de Aveiro, no âmbito do programa INTERREG III- Sal-Atlântico, que veio comprovar a qualidade do sal, garantindo que poderia ser utilizado para consumo humano. Com o apoio da autarquia, que está a ajudar na elaboração dos estatutos da associação, os oito marnotos decidiram unir-se em prol da defesa do sal de Aveiro.
Para o marnoto João Banca, a criação desta associação “só trará benefícios”. “Estamos muito atrasados em relação aos marnotos da Figueira da Foz e de Castro Marim. Tínhamos uma cooperativa, mas nunca fez nada por nós. Mas finalmente vamos conseguir organizar-nos e criar condições para que o nosso sal seja vendido”, sublinha.
Actualmente o sal produzido nas marinhas de Aveiro é vendido aos armazenistas e misturado com sal que é importado. “Quando se vende, já ninguém sabe se é ou não sal de Aveiro. Assim que criarmos a associação vamos fazer o que é necessário para que o nosso sal seja considerado um produto agrícola e possa ser comercializado”, afirma João Banca.
A Câmara está a apoiar os marnotos na criação da associação que dentro de pouco tempo deverá ser aprovada em reunião de câmara. Capão Filipe, vereador responsável pelo pelouro do património, assegura que “o executivo está a fazer tudo para ajudar os marnotos”. “É um passo decisivo porque iremos integrar a federação nacional. O papel da autarquia é o de promover o sal aveirense, contribuindo assim para a autonomia dos produtores e para a preservação deste produto”, acrescenta.
Em 2005 estiveram em funcionamento oito marinhas que produziram mais de mil toneladas de sal. A safra foi boa, mas o problema é a falta de escoamento do produto. A maioria ainda não tinha conseguido vender o sal de 2004. A falta de intermediários é a principal razão para o abandono desta arte. Dos poucos marnotos que ainda se dedicam à safra, a maioria não é proprietário das marinhas e muitos são obrigados a ter outros trabalhos.» (JN)