O primeiro problema social de Aveiro é a «tendência crescente para a fixação de imigrantes ilegais no concelho», segundo o Diagnóstico Social do Conselho Local de Acção Social de Aveiro, um órgão da Rede Social, que se assume como um novo conceito no «combate à pobreza e exclusão social», noticia o Diário de Aveiro.
«Segundo o Conselho Local, presidido pelo presidente da Câmara, a fixação destes imigrantes da Europa de Leste poderá conduzir a um «aumento da precaridade laboral por parte desta mão-de-obra, a desintegração social e cultural destes indivíduos e também a emergência de situações de vulnerabilidade social diversas, derivadas do seu próprio estatuto de ilegais».
Este Diagnóstico é datado de 2003 mas é o mais actualizado que a autarquia dispõe. Segundo o vereador Capão Filipe, do pelouro dos Assuntos Sociais e Família, os dados correspondem à situação actual. Contudo, faz parte do plano da Rede Social a «actualização anual do Diagnóstico».
Quanto à execução de um Plano de Desenvolvimento Social, é uma aposta de trabalho com um horizonte em 2007, no qual se pretende «valorizar memórias culturais comuns», «melhorar a qualidade de vida das populações», «abrir a escola a dinâmicas do meio», «potenciar o tecido produtivo activo», «reduzir a segregação social e espacial», e «desenvolver a capacidade de iniciativa e de participação dos cidadãos».
O Diagnóstico detectou ainda um «foco de exclusão do mercado de trabalho de um número crescente de cidadãos em idade activa residentes em Aveiro». Esta circunstância provoca a «diminuição da atractividade do concelho no tocante ao investimento estrangeiro, talvez devido ao facto de uma grande parte do tecido empresarial não ter tido capacidade de incorporar os novos saberes técnico».
O terceiro problema diz respeito à «existência de um desencontro entre a procura e a oferta de qualificações profissionais, nomeadamente no tocante aos quadros intermédios, sendo de ter em linha de conta as inúmeras desarticulações entre o sistema de educação e o sistema de formação». Segundo o Diagnóstico, é preocupante o «desemprego jovem de longa duração e a inexistência de algumas práticas de economia subterrânea marcadas pela precariedade».
Há uma insuficiência da cobertura da rede pré-escolar em algumas freguesias, «sobretudo nas mais centrais, onde muitos dos estabelecimentos escolares deste tipo têm listas de espera muito grandes». Neste domínio, é registado um «elevado abandono escolar», ao nível do 1.º e 2.º ciclos do Ensino Básico» e são inexistentes «respostas específicas e ágeis face ao alcoolismo, toxicodependência, delinquência juvenil, segregação de sócio-habitacional».
Os problemas são vários, como a «concentração de equipamentos de apoio à infância e à juventude em freguesias mais urbanas, escassez de equipamentos de apoio à infância e juventude para além das creches e ATL; listas de espera consideráveis nas instituições de apoio à infância e à juventude nas freguesias mais urbanas; necessidade de reforço da valência lar nas instituições de apoio à população idosa, de criação de uma resposta aos idosos estruturada para a população «acamada» e muito dependente, excessiva valorização da componente económica do Rendimento Social de Inserção e insuficiência generalizada de recursos técnicos no quadro das instituições».
O diagnóstico verifica ainda uma «crescente incidência territorial do número e das problemáticas cada vez mais complexas associadas às crianças e jovens em risco, um número crescente de famílias sem recursos materiais, psicológicos e sociais que permitam assegurar às crianças e jovens um desenvolvimento harmonioso».
São insuficientes, considera, as respostas para os deficientes em termos de centro de actividades ocupacionais, lares residenciais e iniciativas de formação profissional. Particularmente para os cidadãos com doenças mentais, «é de ressaltar a inexistência de respostas eficazes».
Há um «excessiva concentração de população, de edificado e de problemas sociais em alguns espaços etiquetados do território urbano, como acontece com a urbanização de Santiago». Também há uma «excessiva centralização de recursos e serviços na sede do Centro de Saúde, inclusivamente administrativos. Apenas algumas extensões oferecem muito poucos serviços, o que ocasiona também uma concentração de utentes na sede do Centro de Saúde, onde se concentra a maior parte dos serviços».
(…)» (Diário de Aveiro)