A transferência de 150.000 euros feita pelo Município de Aveiro para a EMA «e a imediata entrega desse montante ao Beira-Mar, demonstra a promíscua teia de interesses que acoberta», escreve Raul Martins, presidente do PS/Aveiro, no blog Margem Esquerda
Há uma «promíscua teia de interesses político/desportivos que tomou conta deste executivo municipal, (ainda) precisa da EMA, para que lhe sirva de plataforma para passagem de dinheiros da Câmara para o Beira-Mar, contornando a proibição legal vigente».
A transferência foi feira por conta duma alegada dívida existente que não está devidamente apurada, assume foros de verdadeiro escândalo e demonstra à evidência a verdadeira face do executivo do Dr. Élio Maia e os desígnios que o norteiam.
A Câmara transferiu subitamente e sem aprovação prévia, 150.000 euros para a EMA, montante que a EMA entregou imediatamente ao Beira-Mar (no dia 1/02 sexta-feira) que os utilizou, segundo o seu Presidente, entre outros, para pagar os ordenados vencidos dos futebolistas».
O que está em causa é, «fundamentalmente (para além dos aspectos legais que noutras instâncias interessa averiguar), o critério de prioridades de pagamentos deste executivo». Classifica de «inqualificável expediente para transferir dinheiros públicos para o futebol profissional que, se assumirem a forma de subsídios, são proibidos por Lei.»
E, para Raul Martins, como a transferência «tinha, à partida, como destino o Beira-Mar (jogando a EMA apenas o papel de mero instrumento transmissor) e, por esse facto, os dois vereadores do PP não poderiam, por razões de impedimento legal, votar nessa matéria».
A justificação de Élio Maia, que se trata de uma parte de uma transferência legalmente justificada (uma vez que a EMA vai apresentar prejuízos de 850.000 euros em 2007), para a empresa (de que é Presidente) “cumprir com os seus fornecedores e clientes» é «tosca e frustrada». É uma «tentativa de justificar que não se tratou de uma transferência directa para o Beira-Mar».
Raul Martins contrapõe dizendo que «as contas da EMA ainda não estão aprovadas, há outras empresas municipais nas mesmas circunstâncias (entre as quais a MoveAveiro que não tem pago atempadamente os salários aos seus funcionários), para as quais não foi feita qualquer transferência, a verba recebida foi integralmente entregue ao Beira-Mar e, para além da Moveaveiro, há outros débitos entre os quais a Juntas de Freguesia (onde há autarcas que arriscam os seus lugares para suprir a falta dos pagamentos da Câmara) e a outras instituições sociais, culturais e desportivas cujo pagamento é bem mais prioritário e urgente que o pagamento de salários de futebolistas profissionais, pesem embora as suas ameaças de contestação, se não fossem pagos até 3/02».