Os arqueólogos estão de volta à ria de Aveiro, para novas prospecções, desta vez na zona da antiga lota de Aveiro, abrangida pelo programa Polis, noticia o JN.
«Depois de dada como concluída a exploração do canal de Mira, perto da ponte da Barra, onde foi recuperada uma parte de um navio do século XV e a respectiva carga, composta por centenas de peças de cerâmica intactas, as atenções dos especialistas do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS) viram-se, agora, para a zona da antiga lota, do lado de fora da eclusa.
Segundo Francisco Alves, da CNANS, trata-se de uma “prospecção prévia” e de carácter pontual, pelo menos para já, numa zona onde o programa Polis prevê uma intervenção profunda (a requalificação urbanística da antiga lota) e que pode ter” interesse arqueológico”. O arqueólogo recorda que foi naquela área (“não muito longe dali”) que foi encontrada, na década de 70 do século passado, uma vasta colecção de cerâmica e, mais tarde, um valioso astrolábio, uma bilha intacta com inscrições em cursivo do século XVI e um apito marítimo.
Além disso, ao longo dos anos “têm sido sinalizadas ali estruturas de madeira a sair do talude”, refere Francisco Alves. Para o arqueólogo, esta prospecção prévia justifica-se antes que as obras previstas no âmbito do Programa Polis, que “vão emparedar” o que quer que ali exista.
Por outras palavras, “vamos tentar tirar dúvidas”, diz Francisco Alves, recolher informação e fazer luz “sobre o “mito” de que aquela zona de cerâmicas, sinalizada já há vários anos, pode ter correspondência a um modelo semelhante ao que encontrámos na zona Ria de Aveiro A”, onde foi recuperado o navio do século XV.
Para já, a intervenção tem uma duração prevista de duas semanas. Mas, “tudo depende do que for encontrado”, explica Francisco Alves.
Quanto às prospecções junto da ponte da Barra, as sondagens efectuadas em 2003, na zona envolvente do casco do navio, não revelaram a presença de outras estruturas do barco. Pelo que estão “fechadas”. “Terminado o tratamento dos destroços (ver caixa), vamos, agora, ultimar o tratamento (dessalinização) da carga”.
A parte do casco do navio do século XV retirada, em 1999, das águas da ria de Aveiro, entretanto sujeita a estudo e trabalhos de conservação, constitui o núcleo central da exposição “Um mergulho na história”, que vai estar patente ao público, a partir de hoje, às 18 horas, no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa. A mostra inclui, também, peças de cerâmica, que faziam parte da carga. (JN)